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Voltando à logística do eixo Leste-Oeste em Pernambuco

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Foto: reprodução

Não dá para se falar em ampliação do modal rodoviário de Pernambuco sem comparar com o que está ocorrendo ao redor

Por Geraldo Eugenio*

A pandemia e o valor do transporte rodoviário

A pandemia não dá trégua. Surge a variante Omicron e com ela legiões de infectados batendo às portas dos hospitais e clínicas no mundo inteiro. Notícias críveis e fakes circulando dia a dia e uma verdadeira batalha, mesmo que absurda, dos que creem e daqueles que insistem em, mesmo sem nenhum fundamento razoável duvidar da eficácia das vacinas que foram desenvolvidas contra a Covid 19 até o presente.

Além das vítimas, dos efeitos colaterais sobre a saúde há os danos econômicos e sociais que a pandemia trouxe, o certo é que o valor das cargas, quer internas quanto para o exterior mais do que duplicaram de valor nos últimos vinte e quatro meses, chegando em algum momento a se deparar com preços de carga de containers de 40 pés ao valor de cinco vezes mais altas, no período, inibindo de forma danosa a circulação de mercadorias e bens e consequentemente os negócios.

Investimentos e eleições

Estamos vivendo um momento de decisões tal são os anos em que se conta com eleições presidenciais e de governadores. A logística do eixo Leste-Oeste de Pernambuco pouco tem sido objeto de preocupação dos candidatos em pleitos anteriores. Quase sempre a região metropolitana tem se tornado o objeto central das discussões quando, hoje, o estado tem sua economia geradora de empregos e renda mais dinâmica nas cidades de médio porte do interior do que propriamente nos megaempreendimentos do grande Recife e nas cidades litorâneas, incluindo Goiana com a fábrica de FCA e Ipojuca com a Reginaria Abreu e Lima.

A importância dos dois complexos citados é extremamente relevante em particular quanto a arrecadação de impostos, mas nos quesitos geração de empregos e distribuição de riquezas há de se considerar com os números de desempenho econômico nos últimos dois anos que o interior está um passo à frente.

A duplicação da rodovia AL 220 em Alagoas

Não dá para se fala em ampliação do modal rodoviário de Pernambuco sem comparar com o que está ocorrendo ao redor. Que se tome o caso de Alagoas como referência. A duplicação em curso da AL 220 ligando a capital, Maceió, à Delmiro Governo, em um percurso de 300 km, é o símbolo de um governo que optou pela valorização e integração da economia da Zona da Mata e do litoral com o Sertão alagoano.

O fluxo de pessoas para Alagoas é fundamental uma vez que abre um segundo eixo turístico que é o acesso rápido às cidades que margeiam o Rio São Francisco, algo de grande dimensão. No que se refere ao transporte de cargas, o comércio será extremamente beneficiado bem como as cadeias produtivas da pecuária de corte e leite do Agreste e Sertão. Mas isso não basta. Encontra-se em curso as duplicações dos trechos entre Arapiraca e Palmeira dos Índios, da AL 115, com 45 km e entre Arapiraca e Penedo, da AL 110, com 72,4 km.

Neste sentido fica como dever de casa a quem se propõe governar Pernambuco o fato de que sem logística adequada a relação entre o interior e a capital se torna mais frágil e, se antes, dependendo da localização, a atração se dava por Fortaleza, CE ou Salvador, BA, logo mais se contará com uma concorrência ainda mais acirrada entre algumas regiões com duas outras capitais, João Pessoa, PB e Maceió, AL.

O calvário da 232 e a Transnordestina, rebatizada de Transertaneja

Abordar a situação atual da RB 232 já foi feito em outros momentos, mas não dá para se justificar que um fluxo de veículos e caminhões de carga entre Salgueiro e São Caetano não justifique se pensar seriamente na duplicação dessa via. Governar é pensar no futuro. Se no momento o tráfego é desgastante, lento e caro, não se concebe esperar mais dez anos para se colocar na pauta a ampliação da malha rodoviária do estado. Até lá a situação será outra, o comercio não haverá de parar, mas, tal qual a água, buscará percursos que o torne mais viável e atrativo.

Em relação à ferrovia Transnordestina, agora batizada de Transertaneja, como se a outra houvesse morrido antes de nascer, é algo quase cômico. Não dá para se imaginar que em um ano eleitoral, com as amarras e limitações legais e de tempo se possa fazer algo de concreto com este projeto. Não parece razoável que uma obra cujos investimentos sempre somarão alguns bilhões de reais possa ser retomada de um dia para noite sem que haja um grande acordo envolvendo a união e os três estados diretamente envolvidos com o caso. O Piauí, Pernambuco e o Ceará.

Ao que parece, apenas Pernambuco se sente contemplado com os anúncios de que novos investidores estão sendo conquistados para a causa. O estado do Ceará, por exemplo, que teria motivos para euforia já que foi anunciado pelo governo federal que a ligação com o Porto de Pecém seria prioridade, considera que tudo não passe de foguetório e que para o arranjo atual é mais interessante que a obra permaneça em compasso de espera.
Vale Pernambuco avaliar se esta leitura é correta ou não, o fato é que o model ferroviário não pode deixar de estar presente na agenda dos candidatos ao governo de Pernambuco. O agronegócio agradece. (Jornal do Sertão)

*Professor e ex-secretário de Agricultura de PE

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