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O discurso é ruim, a prática criminosa

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Foto: reprodução

Por Magno Martins

O prefeito Geraldo Júlio (PSB) anda muito mal assessorado. E deve roer as unhas com inveja de Salvador. Perdido no combate ao coronavírus mais do que cego em tiroteio, já assinou uma penca de decretos, cada um mais confuso do que o outro. Na capital baiana, o prefeito ACM tomou decisões práticas, sem muitos decretos e ontem apareceu na mídia nacional como referência internacional nas políticas voltadas a inibir a disseminação da Covid-19, o vírus da morte.

A população de Salvador é quase o dobro da do Recife. Lá, até ontem, só havia ocorrido uma morte de um senhor de 74 anos, muito mais decorrente de outros problemas que já vinha enfrentando como paciente em tratamento de hemodiálise. Com base nos dados do último sábado, Recife já contabilizava cinco mortes com uma polêmica: uma médica assinou o atestado de óbito de um paciente que a família afirma ter sido vítima de uma pneumonia.

Entre o discurso do prefeito e a prática há uma discrepância muito grande. Seus vídeos nas redes nacionais não são voltados ao cidadão recifense como esclarecimento do que vem fazendo. Com ar de grande autoridade no assunto, que pouco ou nada conhece, quer dar lições ao mundo e ao País. Numa hora tão crucial como essa, vale repetir Charles Chaplin: a vida é um assunto local.

ACM Neto, em seus vídeos, só trata de medidas tomadas para preservar a vida dos soteropolitanos. Claro, ele não é governador, nem presidente da República. As aparições de Geraldo nas redes sociais enfocam a doença no contexto nacional e até mundial. O povo do Recife está careca de saber que a Itália é o País onde se morre mais. A população quer saber do prefeito o que ele tem feito e vai fazer ainda mais para salvar vidas com o poder que tem com a chave do cofre municipal.

Por falar em cofre, num dos seus vídeos ele disse que não tinha poder de emitir moeda, porque quem era dono da Casa da Moeda era o presidente da República. Pelo amor de Deus, quem não sabe disso? Geraldo enche os pulmões e muda o tom quando prega o isolamento social, mas ele próprio promove, de forma irresponsável, aglomerados urbanos distribuindo cestas básicas nas comunidades pobres da periferia.

Os vídeos viralizam nas redes sociais e, para mim, são provas para duas ações no Ministério Público: a primeira, pelo prefeito, ao juntar gente em fila, passa por cima do seu próprio decreto, de não permitir encontros acima de cinco pessoas. A segunda, tipifica crime eleitoral.

Num dos vídeos, o secretário de Educação, que aparece coordenando uma grande fila numa escola municipal da periferia, pede calma aos contemplados e anuncia que a Prefeitura nunca os abandonará, informando também que na Semana Santa todos ganharão uma segunda cesta.

O que é isso, se não o uso da máquina em pré-campanha eleitoral?

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