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O descaso do governo do estado com os trabalhadores do IPA

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Foto: divulgação

Por Rosangela Araujo

Sete anos sem reposição salarial e atuando em unidades de pesquisa e extensão sucateadas, com condições de trabalho precárias e falta de pessoal para atender tantas demandas, são alguns dos problemas acumulados pelos pesquisadores e extensionistas rurais do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). O tratamento dispensado a estes profissionais nos últimos anos, por parte do governo estadual, demonstra o quanto sua importância é desconsidera para o desenvolvimento agrário e a Agricultura Familiar no Estado. São trabalhadores invisíveis, sem qualquer valor para o gestor público do Estado.

Apesar de todo descaso, estes trabalhadores, junto com o pessoal dos recursos hídricos, não pararam durante a pandemia da covid-19 desde o início das restrições impostas pelo Decerto do Governo do Estado. Agricultores não deixaram de ser atendidos e receberam toda assistência técnica necessária. Com o afastamento dos trabalhadores do grupo de risco, as atividades em campo tiveram que ser realizadas por um grupo menor de extensionistas e pesquisadores. Contudo, eles não descumpriram suas obrigações, mesmo com dificuldades devido à precariedade das unidades e os poucos investimentos em equipamentos. A falta de pessoal tem sido um grande problema para melhorar estes serviços, e há mais de sete anos o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Agricultura e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (Sintape) vem reivindicando ao Governo a realização de concurso público para acabar com este déficit. A resposta tem sido sempre NÃO!

A negativa tem sido a resposta para todas as outras reivindicações da categoria. As presidências do Instituto, que já mudaram várias vezes nos últimos sete anos, também não resolveram os problemas dos trabalhadores. O Acordo Coletivo de Trabalho e o PCCS estão empacados e o sindicato teve até que recorrer judicialmente para garantir que direitos fossem cumpridos. Em abril de 2018, uma audiência pública na Alepe tratou do descaso com os trabalhadores do IPA, contando com o apoio de sete deputados estaduais e de inúmeras entidades de classe que lotaram o auditório da Assembleia Legislativa. Nem isso, surtiu efeito até agora com um Governo que faz pouco caso da situação dos servidores e empregados públicos do IPA.

Os trabalhadores do Instituto são responsáveis pela pesquisa agropecuária, assistência técnica, extensão rural e recursos hídricos, fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar do Estado, com atividades realizadas em 182 escritórios locais e 12 Estações Experimentais. O Sintape vem pleiteando nos últimos anos: melhores condições de trabalho para atender aos 275 mil agricultores familiares de Pernambuco; Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS); homologação do PCCS; reposição das perdas salariais desde 2014; concurso público para atender às necessidades de pessoal da instituição e melhor desenvolver os serviços de assistência técnica e extensão rural, evitando o acúmulo de municípios pelo mesmo extensionista; e a restruturação das estações experimentais, gerências regionais e escritórios de assistência técnica e extensão rural. Vale ressaltar que 70% dos alimentos produzidos pelas famílias assistidas são consumidos em Pernambuco.

Mas, até quando o governo continuará tratando com descaso os trabalhadores que são responsáveis pelo desenvolvimento da agricultura familiar e pela implantação de políticas públicas no Estado? Há um interesse maior em ignorar estas atividades? Privatização? É uma questão que o sindicato quer ver resolvida. Pelo menos respondida. Uma vez que as tentativas de falar com o Executivo Estadual para tratar das reivindicações dos trabalhadores têm sido ignoradas. “Não é só o descaso que lamentamos, mas a falta de respeito por profissionais tão essenciais para a pesquisa, a extensão rural e obras de infraestrutura de recursos hídricos. Sem investimentos é impossível oferecer atendimento de qualidade às 275 mil famílias beneficiadas com os programas desenvolvidos pelos técnicos e demais profissionais nas ações de Ater. É um absurdo o que temos testemunhado nas unidades do IPA!”, lamenta Antônio Angelim, diretor do Sintape.

Os trabalhadores do IPA não são invisíveis. São verdadeiros heróis!

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