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Além de Lula: 6 investigados da Lava Jato planejam retorno à vida pública

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Foto: reprodução

Por Gazeta do Povo

Não é só o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Políticos que foram alvo de investigações da Operação Lava Jato estão se preparando para retornar à vida pública – ou, ao menos, às articulações em Brasília – após obterem decisões favoráveis na Justiça. Muitos deles são nomes bastante conhecidos, como o ex-senador Delcídio do Amaral, que chegou a ter o mandato cassado pelo Senado em 2016, e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, citado em delações da Odebrecht.

Confira a seguir uma lista de seis políticos que estão motivados a usar as eleições de 2022 para voltar de vez à ativa.

Delcídio do Amaral virou presidente estadual do PTB
Delcídio do Amaral era líder do governo no Senado quando foi preso, em 2015, acusado de tentar dificultar as investigações da Lava Jato. A prisão foi autorizada pelo então relator da operação no Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Zavaski.

O ex-senador aparecia em uma gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, que na época negociava um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal sobre uma suposta participação de Delcídio no contexto da aquisição de sondas pela Petrobras e da refinaria de Pasadena. No áudio, segundo o documento que ordenou sua prisão, Delcídio ofereceu dinheiro à família de Cerveró e prometeu interceder junto a ministros do STF, inclusive a Zavaski, em favor de sua liberdade e a fim de evitar o acordo.

Na época senador pelo PT, Delcídio teve seu mandato cassado em maio de 2016 por quebra de decoro parlamentar, pouco depois de ser solto e firmar um acordo de colaboração premiada que aprofundou a crise do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em 2018, Delcídio e outros seis réus deste processo que investigava obstrução de justiça – inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – foram absolvidos. Segundo o próprio ex-senador, as decisões da justiça provaram que ele não teve influência sobre as investigações da Lava Jato e que não conversou com ministros do Supremo sobre a libertação de Néstor Cerveró – que acabou firmando acordo com o MPF.

Delcídio ainda responde a um processo por corrupção e lavagem de dinheiro na 13ª Vara Federal de Curitiba, por suposto esquema de pagamento de propina a diretores da Petrobras. Em seu acordo de colaboração, Delcídio disse que usou o dinheiro da propina para pagar dívidas da campanha de 2006 ao governo do Mato Grosso do Sul. Esse processo foi devolvido à vara depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul descartou crime eleitoral de caixa 2.

Já afastado do PT, Delcídio tentou um retorno à vida pública ainda em 2018, quando, de última hora, concorreu ao Senado pelo estado de Mato Grosso do Sul, onde vive. Pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), Delcídio fez quase 110 mil votos, mas não se elegeu.

No ano seguinte, o ex-senador se filiou ao PTB e atualmente é presidente da sigla em Mato Grosso do Sul. Em 2022, pretende disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, pelo mesmo estado.

José Dirceu reassume papel de articulador de Lula
Outro expoente do PT que foi alvo da Lava Jato, José Dirceu ensaia o retorno à política. Não para um cargo público, mas como promotor da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2022. O ex-deputado está mais ativo em Brasília, participando de encontros com lideranças de outros partidos e entidades sindicais. Em artigos e entrevistas recentes, Dirceu minimizou a terceira via, criticou Bolsonaro e defendeu a candidatura de Lula para a presidência.

O ex-deputado foi condenado a mais de sete anos de prisão pelo esquema de compra de votos de parlamentares durante o governo Lula, que ficou conhecido como mensalão. Começou a cumprir a pena em novembro de 2013 e ficou na prisão até outubro do ano seguinte, quando passou para o regime de prisão domiciliar. Posteriormente, em 2016, após cumprir um quarto da pena, o ministro do STF Luis Roberto Barroso concedeu indulto ao ex-ministro de Lula.

Dirceu, porém, não se livrou da cadeia. Condenado a mais de 30 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em processos da Lava Jato, ele foi detido novamente em 2015 (até 2017), em 2018 e em 2019. Dirceu foi solto porque os processos não transitaram em julgado, ou seja, ainda não foram apreciados pelas instâncias superiores.

Romero Jucá articula volta ao Senado
Outro ex-senador que quer voltar à ativa é Romero Jucá, presidente do MDB de Roraima. Jucá é acusado de receber, junto com outros políticos do partido no estado, R$ 1,3 milhão de uma empresa de engenharia para contratos com a Transpetro. De acordo com a acusação, os pagamentos ilícitos foram feitos por meio de doações eleitorais ao partido nas eleições de 2008, 2010 e 2012. O processo, que tramitava em Curitiba, foi transferido para a Justiça Federal em Brasília após decisão da Segunda Turma do STF, em setembro do ano passado.

Anos antes, o ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir a prisão de Jucá quando ele era ministro do Planejamento, acusando-o de obstrução de justiça contra a Lava Jato. Este inquérito, porém, acabou sendo arquivado em 2017.

A carreira política de Jucá acabou sentindo o baque das denúncias. Em 2018, não conseguiu se reeleger senador, cargo que havia ocupado por três mandatos consecutivos. Ele, porém, não se afastou da política. Continuou como presidente do diretório do MDB em Roraima e, nas eleições de 2020, ajudou a eleger o correligionário Artur Henrique para a prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima.

Jucá não anunciou sua pré-candidatura, mas uma breve passada por suas redes sociais mostra que o político está bastante ativo, fazendo viagens ao interior de Roraima, promovendo o partido, seus afilhados políticos e lembrando os recursos que levou ao estado quando era senador. Ao fazer seu discurso de vitória nas eleições para prefeito, ao lado de Jucá, Arthur Henrique mencionou que Jucá concorreria a uma vaga no Senado. À imprensa, aliados do ex-senador confirmaram a intenção.
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