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Preço do leite in natura cai pela metade em Pernambuco

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“Essa é uma das maiores crises da bacia leiteira de Pernambuco nos últimos anos”, afirmou o presidente do Sinproleite-PE  / Foto: Bernardo Soares/Acervo/JC Imagem

O preço recuou de R$ 1,50 para 0,80%, dizem produtores, que reclamam, sobretudo, das grandes indústrias de laticínios no Estado que estariam dando preferência ao uso de leite em pó de outras regiões

JC Online  Foto: Bernardo Soares/Acervo/JC Imagem

Cerca de 40 produtores de leite e de queijo artesanal dos municípios de Capoeiras, Caetés, Águas Belas, Itaíba, São Bento do Una, Pesqueira, Bodocó, Brejão, Venturosa, Pedra e Garanhuns se reuniram ontem (17), na sede do IPA, no Recife, com o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, para discutir a queda nas vendas e a consequente redução no preço do leite, que vem provocando grandes perdas financeiras ao setor, segundo Saulo Malta, presidente do Sinproleite-PE. “Essa é uma das maiores crises da bacia leiteira de Pernambuco nos últimos anos”, afirmou o presidente da entidade. Além de Saulo, estiveram presentes no encontro o presidente da Certificação do Queijo Coalho do Agreste Pernambucano, Romildo Albuquerque; o presidente da Associação Brasileira dos Criadores Caprinos, Arlindo Ivo; o presidente da Sociedade Nordestina de Criadores, Emanuel Rocha; o diretor presidente da Adagro, Paulo Roberto de Andrade Lima; o prefeito de Águas Belas, Luiz Aroldo, e os deputados estaduais Claudiano Martins e Aglaílson Victor.

Os produtores reclamam, principalmente, das grandes indústrias de laticínios instaladas no Estado que, segundo eles, estão utilizando leite em pó vindo de outras regiões, ou mesmo importado, como matéria-prima para as fábricas, em detrimento do leite in natura produzido aqui.

“As indústrias sempre compraram pouco e agora não estão comprando quase nada. Em Pernambuco, são produzidos cerca de 1,6 milhão de litros de leite por dia. Há cerca de quatro meses as fábricas reduziram drasticamente a compra do nosso leite. O resultado é que antes vendíamos o produto a R$ 1,50 o litro e hoje o preço que encontramos é de R$ 0,85 por litro”, diz Saulo.

A saída para compensar a sobra do leite no mercado foi destinar o produto para a fabricação de queijos, o que acabou derrubando também o preço do laticínio por excesso de produção. “Você encontra queijo de coalho nas feiras a R$ 7 ou R$ 8 o quilo, o que é inviável para quem produz”, afirma o presidente do Sinproleite.

Os produtores pediram ao secretário de desenvolvimento agrário do Estado uma maior fiscalização das indústrias por parte do governo. “Muitos desse laticínios receberam incentivos do governo via Prodepe. É justo que ofereçam uma contrapartida, que é comprar o leite dos produtores locais”, diz Saulo Malta.

No fim do ano passado, o Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic) determinou que as indústrias de laticínios comprem, no mínimo, 50% de leite in natura de produtores locais para utilização na fabricação de seus produtos. Mas esta condição para ter acesso aos incentivos fiscais e Mercadorias e Serviços no Estado (ICMS) se aplica aos projetos aprovados para execução a partir de 2019. “Queremos que a contrapartida seja aplicada também aos projetos antigos, já em curso”, diz o presidente do Sinproleite. Além disso, existe um decreto federal que permite a utilização de até 100% de leite em pó pela indústria, o que prejudica os produtores locais.

Saulo Malta lembrou que, no ano passado, o governo do Estado atendeu as reivindicações da categoria em relação à desburocratização para registro das queijarias artesanais. Hoje, um produtor de queijo, registrado na Adagro (agência de fiscalização agropecuária do Estado), emite uma nota fiscal com CPF e tem 100% de isenção do ICMS, e ainda gera crédito tributário para quem compra o produto. “Isso é o que está nos salvando, porque o leite que as indústrias não compram estão indo para as queijarias. Mas, como a produção está alta demais, o preço do produto vai lá pra baixo”, reforça o produtor.

GOVERNO

O secretário de desenvolvimento agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, se comprometeu com os produtores a encaminhar as demandas internas da Secretaria e levar ao governador e demais secretários as reivindicações recebidas que são ligadas a outras pastas. “Em relação ao leite em pó, vamos procurar a bancada federal e os senadores do Estado, o governador e a representação dos produtores para discutir essa questão com o governo federal.”

Dilson afirmou ainda que vai procurar a agência estadual de desenvolvimento, AD Diper, para retomar, com urgência, os trabalhos da Câmara Setorial do Leite e trabalhar junto com os produtores para dinamizar a atividade.

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