Início Notícias Órgãos federais pedem transparência nos gastos de Pernambuco com o coronavírus

Órgãos federais pedem transparência nos gastos de Pernambuco com o coronavírus

788
Foto: Arquivo Blog do Roberto

O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco (PE) e o Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) expediram recomendação às organizações sociais de saúde (OSS) que atuam no estado para que seja dada a devida transparência às contratações e aquisições feitas no âmbito do enfrentamento da pandemia da covid-19. O documento é de autoria dos procuradores da República Silvia Regina Pontes Lopes, João Paulo Holanda Albuquerque, Rodrigo Tenório e Cláudio Henrique Machado Dias, bem como da procuradora-geral do MPCO, Germana Laureano.

Segundo a recomendação, os dados correspondentes a essas transações deverão ser disponibilizados em portal de transparência na internet. As OSS devem seguir com a prestação de contas dos recursos repassados, com a devida elaboração dos relatórios de metas e atividades. MPF e MPCO entendem que a produção desses documentos não pode ser suspensa, como prevê a Lei Complementar Estadual nº 425/2020.

Os procuradores argumentam que essa norma estadual, ao afastar obrigações de transparência, viola os princípios constitucionais da publicidade e da moralidade administrativa, bem como a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 15.527/2011), que vinculam o estado de Pernambuco à obrigatoriedade de manutenção do dever de transparência e controle dos gastos efetuados junto a entidades do terceiro setor.

As OSS deverão ainda aplicar integralmente às despesas para enfrentamento da pandemia a Resolução 58/2019 do Tribunal de Contas de PE, que determina a publicidade da execução das despesas realizadas, incluindo CNPJ e nome da unidade de saúde, categoria da despesa, dados do fornecedor e da nota fiscal, entre outros dados que viabilizam a fiscalização dos gastos. As organizações sociais de saúde deverão também manter atualizada a alimentação dos sistemas informatizados do TCE que permitem o acompanhamento dos contratos e despesas.

Para MPF e MPCO, é necessário “assegurar a ampla transparência e viabilizar o acompanhamento pela sociedade da destinação de volume expressivo de recursos federais repassados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o enfrentamento da pandemia da covid-19”.

O valor total dos recursos referentes aos contratos firmados pelo Governo do Estado com as organizações Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e Hospital do Tricentenário – para gestão, respectivamente, do Hospital Nossa Senhora das Graças (antigo Hospital Alfa) e da Maternidade Brites de Albuquerque  – é de R$ 12,9 milhões. MPF e MPCO verificaram que não há até o momento dados detalhados sobre a execução orçamentário-financeira desses contratos no site “Covid-19: Portal de Transparência”, criado pelo Governo do Estado de PE justamente para concentrar as informações sobre a aplicação dos recursos públicos nas ações de combate à pandemia.

Os diretores das organizações sociais de saúde têm até dez dias úteis, a contar do recebimento da recomendação, para informar MPF e MPCO sobre o acatamento ou não do documento. Em caso de descumprimento, poderão ser adotadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis.

Primeira recomendação – Na última semana, MPF e MPCO haviam expedido outra recomendação, direcionada ao Governo de Pernambuco e à Secretaria Estadual de Saúde (SES), com o mesmo objetivo de garantir a transparência das contratações e aquisições realizadas no enfrentamento da pandemia da covid-19.

As recomendações foram expedidas no âmbito de inquérito civil público, instaurado pelo MPF a partir de informações sobre possíveis irregularidades na execução de despesas com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Estadual de Saúde, mediante inexigibilidade de licitação, para o combate ao novo coronavírus no estado. Os procuradores da República analisarão se há inconsistências nos procedimentos de contratação abertos pela SES.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here