Início Notícias Mandetta não é flor que se cheire

Mandetta não é flor que se cheire

939
Foto: reprodução

Por Magno Martins

Em toda regra há exceções, mas o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, afastado do Ministério da Saúde trombado com o presidente Bolsonaro, não se inclui entre os políticos probos. No exercício do cargo com tamanho holofote proporcionado pela pandemia do coronavírus deu uma de bom moço, com fala mansa, educada e dono da verdade, vestal da moralidade e da honradez.

Como todo político deve-se olhar pelo retrovisor, espiar Mandetta é se deparar com baita telhado de vidro. É ficha suja, nada do que pintou da falta seriedade exibida. Sujou sua ficha quando ocupou a Secretaria de Saúde de Campo Grande, capital do seu Estado, o Mato Grosso, acusado de envolvimento em alguns escândalos, entre eles a contratação de uma empresa para gestão de informações na área de saúde, no valor de R$ 8,16 milhões.

Em troca, ele teria recebido favores em campanha eleitoral. O Ministério da Saúde repassou o referido valor ao contrato e a Prefeitura, R$ 1,81 milhão. Segundo uma ação de 2015, movida pela Procuradoria de Campo Grande, o serviço não foi entregue. O mesmo documento afirma que o município teve de devolver à União R$ 14,8 milhões. Mandetta sempre contestou a acusação.

Mesmo com perfil discreto, Mandetta é conhecido por amigos por não esconder “a real” situação dos fatos. Quando foi convidado para ingressar no ministério, ele avisou Bolsonaro de que era investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois. O presidente não fez qualquer reparo e observou, à época, que o médico “sequer” era réu. O caso estava no Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi remetido à Justiça Federal do Estado depois da decisão da Corte que restringiu o foro privilegiado a parlamentares a crimes cometidos no exercício do mandato.

Outra ação contra Mandetta trata de supostas fraudes em convênios com o Sindicato dos Policiais Civis, também no período em que era secretário de saúde em Campo Grande. De acordo com a denúncia, houve um repasse irregular e sem licitação da pasta de R$ 128 mil ao Sindicato.  Já o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) denunciou, durante sessão na Câmara, terça-feira passada, que o presidente da Câmara Municipal de Imperatriz, Jose Carlos Soares, está envolvido num desvio de mais de R$ 43 milhões do Ministério da Saúde.

Os valores foram repassados para o município de Imperatriz, no Maranhão, diretamente do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal da cidade em 2019. O deputado solicitou ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que faça a instalação urgente das comissões permanentes a fim de que essa denúncia possa ser investigada o mais rápido possível.

Acusação grave – Veja o que disse o deputado Hildo Rocha: “Falei perante o presidente Rodrigo Maia sobre as acusações de corrupção com o dinheiro do Ministério da Saúde, em Imperatriz, por entender que são muito graves. A acusação, a meu ver, tem muito sentido, porque após, uma reunião do ministro Mandetta com o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos, ele se decidiu imediatamente por ingressar no mesmo partido político do ministro. O mais grave é que após a filiação o município de Imperatriz recebeu R$ 43 milhões de reais em menos de uma semana, oriundos do Fundo Nacional de Saúde. Recursos esses de responsabilidade exclusiva do ministro da saúde, Henrique Mandetta”.

Vergonha – Outra maracutaia envolvendo Mandetta: o Ministério da Saúde contratou com dispensa de licitação para fornecimento de soro fetal bovino, produto usado para a fabricação de vacina, uma empresa cujo dono foi condenado em primeira instância por envolvimento em um esquema de desvio de recursos na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O valor do contrato é de R$ 3,2 milhões. A dispensa de processo licitatório foi embasada na lei nº 13.979, de fevereiro deste ano, que dispõe sobre medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here