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Irã: indignação com revelação de que país abateu avião

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Foto ATTA KENARE AFP

Renato Machado / O Globo

A revelação de que o avião da Ukraine Airlines foi abatido por um míssil iraniano pegou de surpresa e provocou choque na população local. Muitos criticaram o envolvimento das forças militares nacionais no episódio, que resultou na morte de 176 pessoas, quase todos cidadãos do Irã. Mais que isso: houve indignação por conta da demora do governo em reconhecer sua culpa. Estudantes universitários desafiaram a tradicional truculência do regime e realizaram uma manifestação no fim da tarde deste sábado (horário local).

Por meio de comunicado lido pela televisão estatal na manhã deste sábado, o presidente Hassan Rouhani afirmou que uma investigação do Alto Comando das Forças Armadas apontou para “erro humano” no disparo do míssil que atingiu a aeronave. O chefe do governo também vinculou o episódio ao momento de tensão vivido com os Estados Unidos naquele dia, que deixou as Forças Armadas em alerta total para um possível ataque americano. Rouhani informou que os culpados serão investigados e processados e enviou condolências para os familiares das vítimas e para a população iraniana.

O chanceler Mohammad Javad Zarif usou suas redes sociais para manifestar “arrependimento e desculpas” pelo erro humano que resultou na queda do avião.

Estudantes se reuniram em frente à Universidade AmirKabir para protestar contra o governo – vale ressaltar que sábado é o primeiro dia útil da semana no calendário iraniano, portanto dia letivo. O grupo entoou diversos gritos contra o governo e chegou a pedir mais que a renúncia de Rouhani: “Renúncia não é suficiente; processar é necessário”, gritaram os estudantes. Até o fim da tarde, no horário local, não havia notícias de repressão das forças de ordem contra os estudantes.

O protesto acontece após um dia praticamente inteiro de raiva silenciosa por parte dos iranianos. Nas ruas de Teerã, a população evitava falar a respeito do assunto. A reportagem do GLOBO interpelou pessoas na movimentada região do Tajirish, grande centro comercial no Norte da capital, a respeito do pronunciamento. No entanto, as conversas eram interrompidas quando os interlocutores escutavam as palavras “rusnomenegar” (transliteração do farsi que significa jornalista) e “ravopeimã” (avião).

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