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Artigo – Transnordestina, novela sem fim

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Foto: reprodução

Por Daniel Torres Araripe
Comentarista Político do programa Araripina Urgente e Empreendedor Social

A Ferrovia Transnordestina tem um enredo que parece uma novela. As empresas que têm a concessão no Nordeste são a Transnordestina Logística S.A e a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL). Ambas concessionárias pertencem ao grupo do empresário Benjamin Steinbruck, sócio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Quinze anos e R$ 6,4 bilhões gastos e o obra continua não apenas inacabada mas longe do final. Oitenta por cento deste valor gasto são provenientes de recursos públicos.

O QUE É A FERROVIA
A Transnordestina consiste num ramal de 1753 quilômetros que começa na cidade de Eliseu Martins, no Piauí, segue até Salgueiro, PE, passando pela região do Araripe, e depois se divide em dois ramais, um para o Porto de Suape e outro, para o Porto de Pecém, no Ceará. Longos anos que esta obra se arrasta, a TLSA não cumpriu os prazos, tanto é que a ferrovia continua parada ou a passos de tartaruga. O Ramal Salgueiro/Suape foi preterido no final do ano passado pela empresa responsável pela obra, argumentando a não viabilidade econômica do Porto de Suape. O Governo da época manteve-se omisso e alheio. Não mobilizou ninguém. O fato foi dado como consumado.

CONVERSA FIADA
É muito estranha essa alegação. Os números falam por si só, para contrariar as alegações em desfavor do Porto de Suape. O Complexo Industrial Portuário de Suape encerrou o ano passado com grande destaque na movimentação de cargas frente a outros portos públicos brasileiros. O atracadouro pernambucano finalizou o período na liderança nacional de movimentação de granéis líquidos e na navegação por cabotagem (entre portos do mesmo país). Além disso, Suape fortaleceu a posição como maior hub de contêineres do Norte e Nordeste, mantendo-se no topo no ranking entre portos públicos das duas regiões. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). E agora com a palavra o sempre controvertido senhor Benjamin Steinbruck. O que tem a dizer?

AÇÕES EM PROL DA FERROVIA
Recentemente a nova governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, esteve em reunião com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Goés. A chefe do executivo defendeu que a obra da ferrovia Transnordestina seja executada e concluída dentro do contrato de concessão, ou seja, incluindo o Ramal ferroviário de Salgueiro ao Porto de Suape, e não somente como quer a responsável pela obra apenas o Ramal de Salgueiro a Pecém. A governadora esteve nesta reunião acompanhada dos governadores do Piauí e do Ceará.

OPORTUNIDADES E GANHOS
Seiscentos quilômetros é a distância que separa a região do Araripe Pernambucano do desenvolvimento. A conclusão da Ferrovia Transnordestina é aguardada com grande expectativa pela região do Araripe, principalmente para aqueles que fazem o Polo Gesseiro. Afinal o modal ferroviário ligará o Araripe ao Porto de Suape, que realizará o escoamento de toda produção para os mercados nacional e internacional. Ademais, completará a infraestrutura, viabilizando o conceito multimodal da logística estadual. O empreendimento será capaz de encurtar distâncias e baratear o transporte, resultando em um diferencial sem precedentes para o setor e para investidores interessados nas potencialidades locais. Com a ferrovia funcionando a todo vapor, o frete seria reduzido (hoje custa de duas a quatro vezes mais do que o produto transportado), e com isso, ampliaria a empregabilidade e a competitividade das empresas no mercado nacional e internacional.

BENEFÍCIOS
Os números mostram os benefícios que a Transnordestina poderá trazer. Um vagão comporta mais ou menos 100 toneladas, em média cinco vezes mais que um caminhão, e cada locomotiva transporta cerca de 20 vagões. A logística criada com a ferrovia beneficiará todo o Estado e outras regiões como seja, região do Polo da Fruticultura do Vale do São Francisco e o Polo Avícola do Agreste.

GESSO, PÉROLA MINERAL DO NORDESTE
Além da gipsita (in natura), que também serve como corretivo de solo, o gesso tem os subprodutos gesso calcinado e pré-moldados. Segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apesar de manter a sua vocação natural para exploração de gipsita, existem correlatamente no Araripe minerais com alta possibilidade de retorno financeiro. O estudo constatou a presença de celestita, um mineral que está presente na tecnologia, e é usado para dar coloração verde aos equipamentos tecnológicos. O Brasil, particularmente a Região do Araripe, ocupa mundialmente a 15ª posição em produção de gipsita em milhares de toneladas métricas, superando países desenvolvidos como França e Alemanha. Além da gipsita, temos também grandes reservas de calcário, e bem próximo à região grande reservas de ferro no vizinho Estado do Piauí. Somado, apenas esse potencial é capaz de modificar estruturalmente o perfil econômico do Nordeste. Então fica a pergunta: vamos perder essa oportunidade de ouro? Afinal, a ferrovia Ramal Salgueiro/Suape agora vai ou não vai?

MOBILIZAÇÃO
Os políticos pernambucanos e empresários, principalmente os que fazem a Região do Araripe, devem se mobilizar em torno da governadora. Porque a história mostra que somente unindo todas as forças políticas e empresariais, sem distinções partidárias, uma causa como essa terá chance de vitória. A luta é para que, juntos, façam valer o projeto original da Transnordestina. Nessa cruzada, caso vitoriosa, não haverá derrotados. Todos ganham. (Postado em www.opoder.com.br)

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