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Desastres naturais: chuvas no Rio Grande do Sul, custaram mais de R$ 105 bilhões ao País

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Por Folha de São Paulo

As tempestades no Rio Grande do Sul têm deixado nesta semana um rastro de destruição, com ao menos 55 mortos (outros sete estão em investigação), 74 desaparecidos e cerca de 32 mil desabrigados e desalojados até este sábado, 4. Além das vítimas, o resultado mais grave da tragédia, desastres naturais trazem uma onda de prejuízos. Nos dias e semanas seguintes, são contabilizados os efeitos da destruição de moradias, equipamentos públicos e da produção econômica nas regiões afetadas.

Chuva causou inundações em diferentes regiões, como em Lajeado (foto), no interior do Estado
Chuva causou inundações em diferentes regiões, como em Lajeado (foto), no interior do Estado Foto: Jeff Botega/Agencia RBS via Reuters

Em todo o ano passado, os desastres naturais causaram prejuízo de R$ 105,4 bilhões ao Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios. Os dados foram levantados por meio do que Estados e prefeituras relataram ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres S2iD, plataforma do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.

  • Em 2023, os desastres afetaram 37,3 milhões de brasileiros, deixando 126,3 mil desabrigados, 717,9 mil desalojados e 258 mortos.
  • O setor privado arcou com 69% do prejuízo – R$ 72,6 bilhões. Os prejuízos públicos somaram R$ 23,8 bilhões (22,6%) e houve ainda danos materiais de R$ 8,8 bilhões (8,4%).
  • As secas representaram 51% do total, com prejuízo de R$ 53,7 bilhões. Já as chuvas deixaram danos de R$ 51,4 bilhões (48,7%).
  • De janeiro a dezembro, foram decretadas 6.322 situações de emergência, sendo 50,3% devido às chuvas. O Sul teve 33% dos decretos, seguido pelo Nordeste com 29,8%.
  • A agricultura foi o setor econômico mais afetado, com prejuízos de R$ 53,6 bilhões, enquanto a pecuária perdeu R$ 15,3 bilhões.
  • Os prejuízos com abastecimento de água potável foram de R$ 10,8 bilhões, com obras de Infraestrutura foram R$ 3,9 bilhões e com habitação somaram R$ 3,5 bilhões.

Uma das principais catástrofes climáticas do ano passado também ocorreu no Rio Grande do Sul, quando a passagem de um ciclone extratropical acompanhado de chuvas deixou 54 mortos e destruiu várias regiões, sobretudo a do Vale do Taquari.

A tragédia desta semana já superou a marca: 55 óbitos confirmados (outros sete estão em investigação) e há 74 desaparecidos. A CNM estima que, do dia 29 de abril a esta sexta-feira, 3, pela manhã, os prejuízos ao Estado gaúcho tenham atingido a cifra de R$ 275,3 milhões. O governador Eduardo Leite disse neste sábado que o Estado “vai precisar de uma espécie de Plano Marshall de reconstrução”.

Há registro de barragens rompidas, estações de tratamento de água avariadas, estragos em pontes e estradas e comprometimento de estruturas antienchente (como o dique de São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, que extravasou nessa sexta-feira, 3, como mostra o vídeo abaixo).

No agronegócio, o Rio Grande do Sul tem forte presença, pois é o maior produtor de arroz e o segundo maior produtor de soja.

Quando o evento extremo vem com o sinal oposto, os efeitos também saem caro. A estiagem histórica em grande parte da Amazônia no ano passado secou rios, atrapalhou o transporte fluvial e afetou até a produção da Zona Franca de Manaus. A baixa no nível dos cursos d’água também afeta a produção de energia elétrica.

Desde o segundo semestre de 2023, o planeta é influenciado pelo fenômeno El Niño, que costuma elevar as temperaturas globais e intensificar precipitações e estiagens. O El Niño deve acabar nas próximas semanas, mas especialistas alertam que eventos extremos ficarão cada vez mais intensos e frequentes por causa do aquecimento global.

De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as médias anuais de temperaturas máximas no Brasil devem subir acima da média global e os valores médios de chuvas sofrerão mais alterações nos próximos anos.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já mostram alta do número de dias de chuva extrema em cidades como Porto Alegre, que teve o centro inundado neste sábado, Belém e São Paulo em relação aos padrões observados nos anos 1960.

Na capital gaúcha, esse aumento de de 29 para 66. Em Belém, esse total saltou de 49 para 143 na mesma comparação. Em São Paulo, subiu de 40 para 70.

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