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Site aponta que Sergio Moro e Deltan Dellagnol conversavam durante Operação Lava Jato

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Site "The Intercept" aponta que Sergio Moro e Deltan Dellagnol conversavam durante Operação Lava Jato

(Foto: reprodução)

 Uma reportagem do site The Intercept mostra que o ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol trocavam colaborações durante a Operação Lava Jato.

Mensagens de celular atribuídas ao ex-juiz e ao integrante do Ministério Público Federal foram divulgadas neste domingo.

O site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo.

As matérias incluem conversas privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram de 2015 a 2018.

Segundo a reportagem, Moro sugeriu ao Ministério Público Federal trocar a ordem de fases da Lava Jato e cobrou a realização de novas operações.

O atual ministro da Justiça também deu conselhos e antecipou ao menos uma decisão judicial.

As mensagens também sugerem dúvidas de procuradores quanto à solidez da denúncia contra Lula no caso do tríplex do Guarujá.

Quatro dias antes da apresentação da denúncia, Dallagnol disse que tinha receio sobre pontos da peça jurídica, como a ligação entre Petrobras e o enriquecimento.

Cerca de 24 horas depois, o procurador demonstrou entusiasmo ao ter contato com uma reportagem do jornal O Globo que poderia sustentar a acusação.

Dias depois, declarou: “A denúncia é baseada em muita prova indireta de autoria, mas não caberia dizer isso na denúncia, e na comunicação evitamos esse ponto”.

Em outra ocasião, Moro indicou ao procurador qual seria a tendência de uma decisão sua no processo do tríplex do Guarujá.

Em 2017, o juiz demonstrou indignação com a possibilidade de adiamento do primeiro depoimento do petista e, dias depois, Dallagnol procurou tranquilizá-lo.

Moro então respondeu: “Ainda estou preparando a decisão, mas a tendência é indeferir mesmo”.

A troca de mensagens também aborda o pedido de entrevista com o ex-presidente Lula feito pelo jornal Folha de São Paulo, que acabou sendo barrado pela Justiça.

Segundo as conversas reproduzidas, procuradores do MPF reagiram com indignação à primeira decisão do STF, que autorizou a entrevista antes das eleições.

A procuradora Laura Tessler classificou a decisão como “piada” e “revoltante”, enquanto a procuradora Isabel Groba chamou os ministros de “mafiosos”.

Na sequência, Tessler declarou que uma coletiva antes do segundo turno poderia eleger o então candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad.

Outro procurador, Athayde Ribeiro Costa, sugeriu que a Polícia Federal adotasse uma manobra para adiar a entrevista para depois da eleição.

A entrevista foi proibida no mesmo dia e só foi liberada em abril deste ano.

O site reproduz ainda diálogos que dão a entender que Sérgio Moro interferiu na investigação por meio de sugestões e críticas.

Uma troca de mensagens ocorreu depois da decisão do STF de soltar Alexandrino Alencar, então diretor de relações institucionais da Odebrecht.

Moro diz que não conseguiria apreciar um novo pedido de prisão no mesmo dia, e completou, em resposta a Dallagnol: “Pensem bem se é uma boa ideia”.

Após a divulgação da reportagem, a força-tarefa da Lava Jato se pronunciou em nota, sem negar o conteúdo das mensagens.

Segundo o texto, “os procuradores foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes”.

A nota diz ainda que a violação das comunicações é uma grave afronta ao Estado e tem o objetivo de impedir a continuidade da operação, expondo membros e famílias a riscos pessoais.

Sobre o teor dos diálogos, afirma que as informações foram tiradas de contexto, o que pode gerar uma interpretação equivocada.

O ministro Sérgio Moro afirmou que as mensagens não revelam qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado.

A defesa de Lula afirmou que a reportagem revela detalhes de uma trama já denunciada pelos advogados do ex-presidente.

De acordo com a nota, os procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro atuaram com objetivo preestabelecido e clara motivação política.

A Constituição determina que não haja vínculos entre o juiz e as partes em um processo judicial, neste caso, o Ministério Público Federal.

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