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Osvaldo Coelho faz muita falta

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Por Magno Martins

Se Deus não o tivesse chamado em novembro de 2015, o ex-deputado federal Osvaldo Coelho chutava, hoje, a trave dos 90. Faria 89 anos de muita vivência e serviços prestados ao Brasil. Nos oito mandatos na Câmara Federal nunca se locupletou de uma só benesse do poder. Foi um homem íntegro, honesto, amante da boa mesa, DNA da família, apaixonado pelo Sertão e sua gente sofrida.

Convivi muito com Doutor Osvaldo, como muitos assim o tratavam. Lembro de muitas de suas incansáveis batalhas pelos canais de irrigação, para levar a água perene e doce do Velho Chico aos plantios de frutas nas extensas fazendas da nossa Califórnia brasileira.

Muitas vezes era incompreendido. Os seus colegas de parlamento do próprio Nordeste e o Governo achavam que seus olhos só enxergavam Petrolina. O viés torto pode até ser compreensível para aqueles que nunca entenderam que o desenvolvimento do semiárido brasileiro passa, inexoravelmente, pela ampliação dos canteiros de irrigação, verdadeiras frentes de trabalho humano, geradores de renda e prosperidade.

Jarbas Vasconcelos me disse, certa vez, quando governador, que dos Coelho o que tinha mais espírito público era Osvaldo, ou Osvaldão como o tratava. O ex-governador lembrou que nunca ouviu Doutor Osvaldo abrir a boca para pedir algo no campo pessoal. Tudo era em favor do seu povo, do seu amado São Francisco.

Decorridos quatro anos da sua morte, num domingo de 20 horas, lembro bem, vez por outra fico matutando a falta que ele faz a Pernambuco, ao Nordeste, ao País, ao seu povo nordestino. O Congresso empobreceu muito em representatividade. Petrolina deve chorar todos os dias a morte daquele que era a voz mais altiva, inteligente e firme em defesa da sua gente.

Quando sobrevoo Petrolina e o vejo o verde da irrigação contrastando com a caatinga é como se  estivesse olhando para o próprio retrato de Doutor Osvaldo. Ele teve um papel decisivo para juntar uma a uma as pedras e o alicerce dos canais de irrigação Nilo Coelho e Pontal, que rasgaram a mata seca e levam hoje uva e manga, dentre outras frutas irrigadas, para os mercados consumidores da Europa dos Estados Unidos.

Osvaldo Coelho tinha uma visão muito mais ampla para desenvolver o Nordeste. Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma se cansaram tanto de ouvir dele que irrigação só rimava com educação de qualidade, para formar doutores na região, que hoje Petrolina exibe com orgulho a Universidade Federal do São Francisco, a Univasf, a maior conquista do guerreiro.

O homem de valor não é aquele que acumula bens materiais e riquezas. Homem de valor é o que assume o compromisso diário de ser o intercessor do seu povo junto aos poderosos. É o que está disposto a sofrer por amor a uma causa nobre da população sem dela se usufruir. É o que entende as necessidades dos que nada têm.

Doutor Osvaldo Coelho era assim.

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