Início Notícias ‘Não faz sentido’, diz procurador sobre decisão de Toffoli que barra investigação...

‘Não faz sentido’, diz procurador sobre decisão de Toffoli que barra investigação de Flávio Bolsonaro

553

Hélio Telho disse ainda que suspensão de investigação pode transformar o Coaf em um “morto-vivo”
  • Por Jovem Pan / Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is da Jovem Pan nesta terça-feira (16), o procurador da República Hélio Telho afirmou que a decisão do ministro Dias Toffoli que barra o andamento de processos que envolvam dados compartilhados por órgãos de controle, incluindo as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro no Caso Queiroz, “não faz nenhum sentido”.

O presidente do Supremo Tribunal Federal suspendeu os inquéritos, que contavam com dados obtidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a pedido da defesa de Flávio. O argumento foi de que as informações não tinham autorização judicial.

Para Telho, no entanto, esse sempre foi o procedimento utilizado pelo órgão, e a obtenção dos dados sem que o Judiciário seja avisado tem previsão legal. “A lei que regulamenta o sigilo bancário e que criou o Coaf não exige autorização prévia para esse tipo de comunicação que ele faz”, argumenta o procurador. “Até porque ele não tem acesso aos extratos bancários das pessoas. Os bancos identificam movimentações suspeitas específicas e avisam ao Coaf que, por sua vez, informa o Ministério Público.”

O promotor criticou a decisão de Toffoli e defendeu que o Coaf tenha liberdade para informar o MP. “Não faz nenhum sentido. Se o Coaf não puder receber essas informações específicas, não tem como o Ministério Público saber delas e pedir investigação. E outra: ele não tem acesso à vida financeira do investigado, só às movimentações que os bancos consideram fora do normal. Para quebrar sigilo bancário, aí sim, é necessária uma autorização judicial.”

A decisão do ministro afeta diretamente a investigação sobre o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que apura se ele praticou movimentação ilegal de dinheiro, com lavagem e organização criminosa. Os crimes teriam acontecido quando o policial militar Fabrício Queiroz, suposto operador do esquema, era assessor de Flávio. Com o aval de Toffoli, a investigação sobre ele fica paralisada.

Telho diz temer ainda que a suspensão possa inviabilizar todos os processos já julgados com base em relatórios do Coaf e que, daqui para frente, o órgão pode se tornar um “morto-vivo”. “O Coaf é um parceiro do Ministério Público no combate à lavagem de dinheiro. Mas ele só funciona e só tem eficiência do jeito que vem atuando. Sem ele, esse sistema deixa de existir. É como se o transformássemos num morto-vivo.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here