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“Popularidade levou Lula a se achar invulnerável”

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Para biógrafo, Lula poderia escolher alguém “mais talentoso que Dilma” para disputar 2018

BBC Brasil

“Eu ainda acho que Lula foi conivente com o sistema corrupto, e minha percepção de sua história sugere que ele foi muito relaxado em relação à corrupção. Acho que ele estava tolerando a corrupção a seu redor e não fez perguntas suficientes.”

“Com uma personalidade dominante, sempre há o perigo de se cercar apenas de pessoas que digam sim. Acho que, no início do PT, havia vozes diferentes e pessoas que desafiavam Lula. Acho que, quando ele se tornou presidente, isso se tornou um problema. Talvez não tenha havido pessoas suficientes dizendo: ‘Lula, você está cometendo um erro, precisa ir numa direção completamente diferente’.”

O diagnóstico acima é do acadêmico britânico Richard Bourne, autor do livro Lula of Brazil: The story so far (“Lula do Brasil: a história até agora”, em tradução livre), que, em entrevista à BBC Brasil, expressou preocupação diante da primeira condenação do líder petista no âmbito da operação Lava Jato.

O juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso em que era acusado de receber um apartamento no Guarujá (SP) em troca da promoção de interesses da empreiteira OAS junto à Petrobras. Ele nega os crimes e poderá recorrer da sentença em liberdade.

O biógrafo, que conviveu com Lula no final de seu primeiro mandato, não está convencido de que o petista tenha sido o chefe do esquema de corrupção na Petrobras, mas acredita que ele “não fez perguntas suficientes” sobre como o partido arrecadava os recursos de campanha e geria a estatal. Bourne tampouco embarca na tese alimentada pelo PT de ele é vítima de uma perseguição política por parte do Judiciário.

Ele diz que o ex-presidente continua sendo alguém que “consegue iluminar um palanque”, mas cuja popularidade pode ter contribuído para um sentimento de invulnerabilidade. Isso teria provocado em Lula tanto uma certa “tolerância à corrupção” quanto à ideia de que deve retornar ao poder em 2018.

A candidatura do petista, no entanto, pode se tornar inviável caso a condenação seja confirmada em segunda instância.

“Lula certamente é alguém vaidoso e isso piorou com o passar do tempo. Uma das piores coisas da morte de Marisa é que não há mais uma pessoa para desinflar um pouco essa vaidade e mostrar a ele o que ele deveria estar fazendo”, reflete Bourne, que completa:

“Ele deveria ter pensado melhor em outras maneiras de usar seu capital político em favor do país (após deixar o poder).”

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