Início Notícias Governo Lula eleva verba para carros-pipa no Nordeste enquanto combate cheias no...

Governo Lula eleva verba para carros-pipa no Nordeste enquanto combate cheias no RS

287
Foto: Folhapress

Após falhar em tomar medidas preventivas de combate às enchentes no Rio Grande do Sul, o governo federal se organiza para tentar evitar outra calamidade em potencial: a seca no Nordeste. O Exército deu um alerta para a possibilidade da elevação do número de municípios que podem sofrer com a seca neste ano e o Ministério do Desenvolvimento Regional destinou R$ 707,1 milhões do Orçamento de 2024 para a Operação Carro-Pipa, que leva água potável para cidades atingidas pela falta de água.

O valor representa um aumento de 28%, em comparação com o ano passado, quando foram utilizados R$ 549 milhões na operação. A preocupação se justifica pela ocorrência do fenômeno climático “El Niño”, que potencializa os efeitos de seca e estiagem extremas. Nos últimos três anos, a média anual de recursos destinados à operação foi de pouco mais de R$ 569 milhões.

A Operação Carro-Pipa começou em 1998 com uma parceria entre a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Exército para distribuir água potável às populações atingidas por estiagem e seca na região do semiárido nordestino e na região norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Hoje os recursos saem do Ministério do Desenvolvimento Regional e a inteligência e a logística da operação são atribuições do Exército.

O Comando de Operações Terrestres do Exército coordena o levantamento das cidades que vão precisar de abastecimento. Nos últimos cinco anos a estiagem vinha sendo cada vez mais amena. Em 2019, quando foram destinados R$ 629,2 milhões para a operação, 579 municípios do semiárido foram atendidos. Já em 2023, os carros-pipa atenderam 366 municípios a um custo de R$ 569 milhões.

Mas o Exército identificou a possibilidade da demanda voltar a crescer em 2024 e se preparou para aumentar a disponibilidade de caminhões-pipa. Os militares identificam as cidades que podem ficar sem água, contratam motoristas “pipeiros” e traçam planos de logística para entrega periódica da água.

O governo federal, por sua vez, ampliou a delimitação do semiárido brasileiro: desde janeiro deste ano, a região passou a ser composta por 1.477 municípios. A decisão foi publicada pelo Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), por meio da Resolução 176, do dia 3 de janeiro. A ampliação do semiárido tem relação com a Operação Carro-Pipa, já que o principal pré-requisito para a sua implementação nos municípios é estar localizado na região.

Os serviços meteorológicos não são conclusivos sobre a severidade da seca no semiárido neste ano, mas a perspectiva é que o fenômeno climático “El Niño” faça com que mais cidades precisem de socorro.

Segundo analistas políticos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teme que uma eventual seca no semiárido brasileiro possa gerar impactos negativos para o Partido dos Trabalhadores em seus redutos eleitorais no nordeste no pleito municipal deste ano.

Na avaliação do cientista político, Juan Carlos Gonçalves, o tema “toca em uma necessidade básica e urgente das comunidades” e a destinação de recursos demonstra “preocupação e ação efetiva por parte do governo”.

“Em um contexto onde temas como segurança hídrica e desenvolvimento regional são cruciais, o êxito em lidar com essas questões pode ser um ponto central na agenda política e eleitoral, desviando a atenção de outros temas menos urgentes ou menos diretamente relacionados ao cotidiano das pessoas afetadas pela seca”, afirmou Gonçalves. (Gazeta do Povo)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here