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Cultivo de algodão agroecológico ganha reforço no Semiárido pernambucano

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Por Flávio Almeida* e Valéria Landim** / Foto: divulgação

O Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos é desenvolvido desde agosto de 2018 em sete territórios de seis estados do Nordeste. A iniciativa é coordenada pela Diaconia e conta com a parceria estratégica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Algodão e Universidade Federal de Sergipe (Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória), e tem o aporte financeiro do Instituto C&A e da Porticus.

No Sertão do Araripe, o Centro de Assessoria e Apoio as Instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga) e o Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada) executam, de maneira conjunta, as ações do projeto, com a participação efetiva da EcoAraripe, que é um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPAC). A associação está habilitada em conferir o Selo Orgânico Brasileiro aos produtos consorciados, contribuindo com a aproximação e organização das famílias agricultoras junto ao comércio justo e mercado orgânico.

No Sítio Lajinha, em Ouricuri, a Embrapa utiliza a propriedade de uma agricultora como uma Unidade de Aprendizado e Pesquisa (UAP) para realizar módulos de formação com a equipe técnica do projeto e agricultores/as multiplicadores/as.

O Chapada realiza assessoria técnica nos municípios de Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Ouricuri e Trindade. Ao todo são 171 famílias agricultoras organizadas em 19 grupos e distribuídas em 20 comunidades rurais destes municípios. O acompanhamento técnico coletivo consiste em orientar às famílias no desenvolvimento das atividades produtivas na propriedade, com foco especial no cultivo agroecológico do algodão consorciado com o feijão, milho e gergelim.

Para fazer o beneficiamento, a rama de algodão é colocada na máquina, ocorrendo à separação da pluma, do caroço e bagaço. O algodão beneficiado e certificado como orgânico pela EcoAraripe é vendido a empresa francesa Vert, fabricante de tênis ecologicamente correto. A marca alinha design a sustentabilidade e fomenta investimentos em setores onde as relações de trabalho são socialmente justas. O quilo da pluma orgânica é comprado pela Vert a R$ 12,57. Esse valor é quatro vezes maior que a oferta dos atravessadores locais, e as famílias agricultoras ainda ficam com o caroço, que é usado para a alimentação animal.

Os sete municípios acompanhados pelo Chapada produziram um total de 29.009 kg de rama e 11.603 kg de pluma, com um destaque para Araripina, onde 55 famílias estão envolvidas no projeto, sendo o município com o maior número de participantes e de volume de produção, com um total de 13.634 kg de rama e 5.453 kg de pluma.

O Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos incentiva o cultivo de gergelim, por ser um repelente natural de pragas no roçado, além de ser um alimento de alto valor nutricional. A comercialização é feita no mercado de orgânicos de maneira fracionada e diretamente ao consumidor. A produção de gergelim, feijão, milho e a criação animal garantem a segurança alimentar das famílias agricultoras e contribuem com a geração de renda e a permanência no campo dos seus descendentes.

Em suas atividades de formação, o projeto também trabalha a igualdade de gênero, com incentivo a autonomia pessoal, financeira e empoderamento das mulheres.

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