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Armando rebate economista de Bolsonaro e diz que Brasil não precisa de ‘czar’

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Armando Monteiro Neto concedeu entrevista à Rádio Jornal e criticou declarações de Paulo Guedes / Foto: Diego Nigro / JC Imagem

Ex-ministro de Dilma Rousseff, o senador Armando Monteiro disse que a figura do ‘superministro’ não funciona e que Paulo Guedes já ‘revela preconceitos’
Foto: Diego Nigro / JC Imagem
Da Editoria de Política do JC

Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo de Dilma Rousseff (PT), o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) rebateu a declaração do economista Paulo Guedes de que a pasta se transformou em “trincheira da primeira guerra mundial” na defesa de protecionismos. Segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro vai “salvar a indústria brasileira apesar dos industriais brasileiros”.

“Eu responderia que vamos salvar a indústria apesar dos economistas. Tem uma frase que eu gosto muito que diz que, na economia, a sabedoria têm dúvidas e a ignorância tem certeza. Eu vejo muito mal uma posição de alguém que ainda não assumiu a pasta, que está chegando, que não detêm uma maior experiência na gestão pública, que não faz uma interlocução com setores da chamada economia real e já sai revelando preconceitos, criando uma indisposição. É um mal sinal. Eu acho que o diálogo, esse governo precisa dialogar, compreender adequadamente as naturezas das demandas, essa ideia de superministério, ela foi adotada no tempo do governo Collor e não deu certo, o Brasil não precisa de um Czar na economia”, disse o pernambucano à Rádio Jornal.

Paulo Guedes vai assumir superministério da Economia, que une Fazenda, Planejamento e Mdic no governo eleito de Jair Bolsonaro, que assume a Presidência da República no próximo dia 1º de janeiro. Segundo o economista, a proposta do superministério não é fazer uma abertura abrupta da economia, que “mataria a indústria”. Ele propõe retomar o crescimento da indústria garantindo juros baixos, eliminando a complexidade burocrática e reduzindo impostos.

Na visão de Armando Monteiro, a figura do superministro não funciona. “O que será agora da área de indústria e comércio exterior? Vai ser uma secretaria vinculada a esse superministério da economia. Ou seja, você vai conferir poderes demais a esse ministro e vai tornar essa interlocução com setores produtivos uma coisa secundária. No mundo, na experiência internacional, isso não existe. Então eu lamento que essa questão possa ser resolvida de supetão. Essa figura do superministro não funciona a meu ver”, comentou o senador.

Armando ainda saiu em defesa do Mdic ressaltando que a pasta é responsável pela interlocução com todo o setor comercial brasileiro. “O Mdic tem uma estrutura formada ao longo do tempo e uma estrutura com quadros qualificados, carreiras de estrada como analistas de comércio exterior. É uma estrutura muito qualificada, que atua fortemente na definição das políticas industriais, na gestão de todos os problemas de interlocução da indústria com o governo, na promoção dos acordos comerciais, na definição da política de defesa comercial e faz interlocução com setor comercial brasileiro. É uma entidade que cumpre um papel muito importante, não digo isso por ter sido ministro, é uma estrutura que ao longo dos anos foi se fortalecendo”, reforçou.

Na visão de Paulo Guedes, o MDIC está com “arame farpado, lama, buraco, defendendo protecionismo, subsídio, coisas que prejudicam a indústria, ao invés de lutar por redução de impostos, simplificação e uma integração competitiva à indústria internacional.”

Já Armando ressalta que não se pode subordinar o interesse da ‘economia real’ apenas à questão fiscal. “A visão meramente fiscal que é a questão de arrecadar e de definir, por exemplo, as questões ligadas à área de tributação. É um grande equívoco e lamento que isso possa ter sido definido dentro de um grupo pequeno, sem ouvir, sem ampliar essa consulta, sem ouvir os setores produtivos”, pontuou.

ARMANDO: ‘FUSÃO NÃO GERA ECONOMIA’

O ex-ministro ainda disse que, na prática, a fusão de ministérios proposta por Bolsonaro não deve gerar a economia esperada. “Essas ideias de redução de ministérios se apoiam numa premissa que se revela ao final falsa, de que isso vai produzir uma grande economia na máquina pública. Na verdade, vão mudar as caixas, essas estruturas dos ministérios que vão ser incorporados, se transformam em secretarias, toda a estrutura permanece e ao final essa economia não se confirma. Então o que se faz é uma ação simplificadora que não resulta em ganhos de eficiência e desempenho da máquina pública”, disse.

Candidata derrotada na última eleição, Marina Silva (Rede) reagiu quase que simultaneamente à notícia de que Bolsonaro irá fundir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente. Em post nas redes sociais, a ambientalista e ex-ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, no governo Lula (PT), disse que a decisão irá provocar um triplo desastre. “Estamos inaugurando o tempo trágico da proteção ambiental igual a nada.”

Armando seguiu o pensamento da ex-ministra. “Essa ideia de fusão dos ministérios na área econômica, como essa fusão de agricultura e meio ambiente, me parece uma coisa totalmente equivocada. Meio ambiente não diz respeito apenas à agricultura, qualquer projeto de infraestrutura passa por avaliação de impacto de meio ambiente. Se você discute saneamento, isso tem uma interface com a área de meio ambiente, então colocar essa área dentro da agricultura me parece extravagante, não tem realmente sentido”, afirmou o senador.

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