Estudo da Escola Nacional de Seguros aponta que perdas corresponde a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual
Da Editoria de Economia do JC / Foto: Leo Motta/JC Imagem
A violência no trânsito pernambucano provocou perda de R$ 4,28 bilhões no ano passado, o que corresponde a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, mais do que o Brasil (2,4% com R$ 146 bilhões), em comparação relativa. Isso é o que mostra pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros, que avaliou a perda da capacidade produtiva causada por acidentes, que mataram 1.483 pessoas e deixaram outras 1.609 com invalidez permanente. É o segundo estado com o maior número de pessoas com invalidez permanente, atrás do Ceará. A pesquisa foi feita com base em dados da seguradora Líder, responsável pelo seguro DPVAT no País.
O impacto na economia acontece porque as vítimas estão na idade economicamente ativa, entre 18 e 64 anos. Segundo boletim da Líder, referente a agosto, a maior parte das indenizações (26%) foram pagas a pessoas que possuíam entre 25 e 34 anos. No total, 75% dos acidentados eram homens. “O homem tem maior valor de capital humano, porque é maioria no mercado de trabalho e, geralmente, possui salário mais alto”, comenta a economista e co-autora do estudo, Natália Oliveira.
Entre as vítimas da imprudência no trânsito, está Alexandre Pereira do Nascimento, 39 anos. Quando tinha 24 anos, ele bebeu em uma festa e voltou para casa pilotando a moto. Perdeu o controle do veículo e sofreu uma lesão na medula que o deixou paraplégico. “Passei por longo processo de reabilitação para, pelo menos, voltar a fazer coisas básicas, como tomar banho sozinho. Foram quatro anos de terapia intensiva para voltar à parte da minha rotina normal”, relata.
A pesquisa mostra que, em relação ao impacto no PIB, os campeões são Rondônia (6,01%), Ceará (4,86%) e Piauí (4,25%). Pernambuco está em 14º lugar, no ranking nacional, e em 5º, no Nordeste.
Já em relação a perdas decorrentes dos acidentes de trânsito, São Paulo, Minas Gerais e Paraná lideram as estatísticas. O impacto econômico nesses Estados foi de R$ 24,7 bilhões, R$ 15,7 bilhões e R$ 11 bilhões, respectivamente. Pernambuco está no 10º lugar, nesse aspecto. Porém, em relação ao ano passado, houve redução de 32,13% na perda do PIB do Estado. Em 2015, as perdas foram de R$ 6,3 bilhões.
PREVENÇÃO
“Em relação ao ano passado, todos os Estados melhoraram. A crise econômica tem um impacto no número de acidentes. Nesse momento de recuperação, em que todo mundo está tentando crescer, é importante trabalhar na prevenção”, comenta Natália Oliveira.
Se depender de Alexandre, a conscientização vai ser fortalecida. Hoje é educador na Operação Lei Seca e trabalha realizando palestras. “Meu papel é mostrar às pessoas o quanto ficou difícil a minha vida, por causa da imprudência”, comenta.
