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Sertão do Araripe busca opções; região merece ser melhor conhecida

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Foto: reprodução

Por Geraldo Eugênio / Jornal do Sertão

Situada ao noroeste do estado de Pernambuco, esta região é composta por dez municípios: Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade, conta com aproximadamente 350 mil habitantes, compreendendo uma área de 11 548 km². Tem em Araripina, uma cidade com noventa mil habitantes, seu principal polo de serviços. Do ponto de vista geográfico o Araripe pernambucano apresenta com duas realidades distintas, a Chapada, localmente conhecida como Serra, a uma altitude que varia entre 800 e 1.000 metros, com uma área de aproximadamente um milhão de hectares recoberta por uma vegetação de caatinga, denominada carrasco mas que se assemelha bem mais a um cerrado adensado, solos do grupo latossolos, profundos que funcionam como uma esponja para a água pluvial que se infiltra e, lentamente chega à região do Cariri cearense.

É importante ser chamada a atenção para o fato de que na serra, se encontra com frequência o pequi, uma árvore típica de cerrado cujos frutos são tão apreciados na região central do país, como também no Araripe. O sopé da serra em uma extensão de um pouco mais de cento e cinquenta quilômetros recebe a denominação de sertão. Aí se constata um clima mais árido, menores precipitações, solos litólicos (com pedras), uma vegetação rala, típico da grande depressão sertaneja do Nordeste.

Na parte baixa, particularmente em Ouricuri, Trindade, Ipubi e Araripina, encontram-se vastas jazidas de gipsita, quase que à superfície. Dela se podendo obter o gesso para fins da construção civil, o gesso agrícola, o gesso a ser empregado em próteses ortopédicas e odontológicas e para outras finalidades industriais. Já a chapada se caracteriza por uma agricultura convencional baseada na mandioca, feijão de corda e milho. Nas últimas duas décadas com a identificação de jazidas de vento no extremo oeste do estado na área limítrofe entre os estados de Pernambuco, Piauí e Ceará, a geração de energia eólica passou a ser uma opção de investimentos, atraindo empresas nacionais e estrangeiras para a instalação e operação dos parques eólicos, o que impactou de modo positivo o dia a dia dos negócios em Araripina, como cidade pólo e da economia do sul dos estados vizinhos.

A busca por opções para o desenvolvimento regional.

A cadeia produtiva do gesso merece alguns comentários. Em sendo, o gesso para construção, um produto que requer a calcinação da gipsita, basicamente tendo como matriz energética a lenha, há de se convir que é uma atividade que põe a caatinga em risco permanente de desmatamento acelerado. Neste caso há uma iniciativa liderada pelo governo estadual, os municípios da região e o empresariado quanto a instalação de terminais de gás que permitam a conversão dos fornos para o uso deste produto. Será uma ótima alternativa desde que haja adesão da maioria das empresas. Por outro lado, a produção do gesso agrícola que depende unicamente da moagem da rocha não tem conquistado a atenção que merece. Sendo o gesso, juntamente como calcáreo dois condicionadores indispensáveis aos solos ácidos do cerrado, investir no escoamento do gesso agrícola para os estados que fazem o MATOPIBA – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia não deixa de ser uma opção a ser encarada como promissora. Particularmente se este produtor foi tratado como  um fertilizante a partir da formulação de produtos com  alguns micronutrientes.

Quanto à agropecuária regional, a área da chapada merece ser vista por seu potencial produtivo para as culturas que estão lá instaladas ou outras que possam ser ali introduzidas mas que merecem ser expostas às tecnologias utilizadas em várias outras regiões do país, independentemente do tamanho da propriedade. Tem havido uma demanda crescente pela mandioca a partir de uma fecularia instalada em Araripina como também há uma pressão pelo cultivo de grãos, a exemplo do feijão de corda, da soja e do milho sob condições de sequeiro, que se deixe claro. Por outro lado, por razões mais do que justificáveis há uma preocupação da sociedade e dos órgãos ambientais com o manejo adequado dos solos da chapada uma vez que em não se tendo o devido cuidado, o solo será facilmente erodido e a maior parte da precipitação que incide sobre a chapada, de aproximadamente 700 milímetros ao ano, deixa de ser infiltrada e será escorrida gerando-se valas erosivas e evitando que a água percole e chegue às nascentes do Cariri. Importante se chamar a atenção que exceto a Floresta Nacional do Araripe, a maior parte da chapada encontra-se fortemente antropizada, o que não é novidade para ninguém que habita ou conhece a região.

O que é o Oeste da Bahia

Desde algum tempo há discussões sobre uma transformação produtiva na região do Araripe. Neste momento algumas lideranças, a exemplo do pelo prefeito de Araripina, o médico Raimundo Pimentel, resolveram conhecer com maior profundidade o que está ocorrendo em uma área de cerrado, transformada em celeiro agrícola nas últimas quatro décadas, no oeste da Bahia. Em um movimento que se estende pelos estados do Tocantins, do Maranhão e do Piauí. Entre as duas regiões há algumas semelhanças, em particular quanto ao relevo plano, química e fertilidade dos solos, profundidade do perfil, mas ao mesmo tempo há uma diferença contrastante.

O volume de precipitação é de aproximadamente quarenta por cento inferior ao do cerrado baiano, mas com um volume capaz de produzir economicamente os cultivos citados acima.

O grande contraste se percebe quanto ao modelo e muito além disto à percepção do empresariado de que contar com o governo é importante mas em ele não tomando a iniciativa, nada será realizado. Provavelmente este sentimento se deu a partir da contribuição dos imigrantes do sul que chegaram à região baiana há cinquenta anos. Hoje, questões como tributação, infraestrutura, tecnologia, busca de mercado, gestão do uso da água,  áreas cruciais ao negócio são geridas  por entes privados sob supervisão pública, este é o caso da Fundação Bahia e da Aiba – Associação de irrigantes e agricultores da Bahia. Não é uma tarefa fácil a mudança de percepção sobre a gestão e potencialidade de uma região, mas é imprescindível. Sem que isto ocorra a tendência é se manter o cenário estático e ver o mundo ao redor avançar. O que não é interessante para Araripe e muito menos para o estado de Pernambuco.

Visões, sonhos, perspectivas

Desta feita louve-se a iniciativa de se aprender, buscando lições em outros ambientes, com instituições públicas e privadas e deixando claro que a região é aberta ao diálogo e a atração de investimentos que promovam a prosperidade e integrem os milhares de agricultores e empresários desses dez municípios pernambucanos e dos estados do Ceará e do Piauí ao agronegócio regional. Considerando que cada propriedade, independente da área deva ser tratada com uma unidade de negócio.

No Brasil atual há uma realidade inconteste e positiva que é o desenvolvimento do Centro-Oeste, e do MATOPIBA, em particular. Os números são impactantes e mais ainda o testemunho ocular do que são os municípios que compõem esta região. Será uma pretensão inalcançável se imaginar que a Chapada do Araripe será o Oeste da Bahia, contudo não será exagerado se prever que os esforços individual e coletivo e uma visão de futuro que tenha como fundamento a busca um padrão de vida melhor para os habitantes da Microrregião de Araripina deve ser objeto de atenção permanente por todos que se se interessam pelo estado de Pernambuco e o Nordeste.

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