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Gasolina mais cara, juros e fuga de capital: os impactos econômicos do ataque do Irã a Israel

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Foto: reproduçãoPor Estadão

Diante dos ataques do Irã a Israel e a escalada de tensão no Oriente Médio, realizados neste sábado, 14, o mercado internacional começa a se movimentar para precificar os impactos econômicos do impasse geopolítico, o que pode trazer possíveis prejuízos para a economia brasileira, conforme avaliam os especialistas ouvidos pelo Estadão.

Para analistas do mercado financeiro e economistas, o recente ataque iraniano pode trazer novas pressões inflacionárias a setores como o de petróleo, atrasar o ritmo de queda dos juros nos Estados Unidos e até impactar a trajetória de queda da Selic no Brasil.

O economista Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), lembra que o incidente entre os dois países já era algo aventado pelo mercado, o que impactou diretamente o preço do barril de petróleo e também no aumento à aversão ao risco por parte do investidor internacional. Ele explica que a situação afeta diretamente as economias emergentes, como no caso do Brasil, uma vez que os investimentos estrangeiros acabam migrando para ativos de maior segurança, como os títulos de divida norte-americana.

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O especialista comenta que a expectativa é de que sem novos ataques e com o arrefecer da tensão entre as duas nações, a pressão inflacionária vista nos últimos dias tende a cair no curto prazo. “A experiência sugere que se a tensão for controlada, essa pressão deve ser controlada, deva ser um efeito transitório, como já aconteceu no passado recente”, avalia.

O pesquisador da FGV Ibre, Armando Castelar vê uma 'pressão inflacionária transitória' caso o incidente geopolítico seja controlado, mas que pode impactar o ritmo de queda dos juros no Brasil
O pesquisador da FGV Ibre, Armando Castelar vê uma ‘pressão inflacionária transitória’ caso o incidente geopolítico seja controlado, mas que pode impactar o ritmo de queda dos juros no Brasil  Foto: Fábio Motta/Estadão

Ainda segundo pondera Castelar, o ambiente externo incerto é mais um ingrediente para que o Banco Central Brasileiro seja cauteloso nas futuras reduções da Selic no País.

Tensão no Oriente Médio

Assim como o pesquisador da FGV Ibre, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também acredita que o cenário de tensão no Oriente Médio após os ataques do Irã a Israel neste fim de semana pode levar a uma redução no ritmo de cortes da taxa Selic.

De acordo com ele, a escalada dos conflitos na região tem impacto direto sobre os preços do petróleo, o que gera mais pressões inflacionárias nos Estados Unidos e pode atrasar ainda mais a queda dos juros americanos, com impactos sobre as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). “Se junta o cenário americano com este cenário novo, recente, da guerra do Oriente Médio, está montado o discurso para talvez o Banco Central desacelerar a queda de juros depois da próxima reunião”, afirmou.

Segundo Vale, abre-se a possibilidade de o Copom cortar os juros em 0,5% ponto porcentual na reunião de 8 de maio, mas sinalizar uma redução do ritmo de cortes para 0,25% a partir da reunião de junho. A Selic atualmente está em 10,75% ao ano.

O economista destaca que a inflação americana tem caído de forma lenta mesmo com o aperto monetário por parte do Federal Reserve (o Banco Central americano). Exemplo disso foi a inflação ao consumidor nos EUA em março, que veio acima do esperado e fez o mercado apostar que os cortes dos juros americanos só devem acontecer no final deste ano.

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