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Em entrevista exclusiva ao jornalista Magno Martins, Bolsonaro diz que “O Brasil está no caminho certo”

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Foto: reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou com exclusividade para este blog em live pelas redes sociais e com transmissão simultânea para mais de 400 emissoras do Norte e Nordeste por meio da Rede Nordeste de Rádio. A entrevista realizada na noite de hoje direto do Palácio do Planalto tratou sobre temas diversos, que incluem a polarização entre o atual chefe do Executivo e o ex-presidente Lula.

Bolsonaro demonstrou estar à vontade e reagiu a críticas de Lula. “Se ele está criticando, é sinal de que estamos no caminho certo. É um estímulo que ele dá para mim”, disse. O presidente também falou sobre o estado de saúde, investimentos feitos em sua gestão, desafios enfrentados, a chegada do senador Ciro Nogueira (PP) à Casa Civil e a polêmica do voto impresso.

Bolsonaro prometeu provar, na próxima quinta-feira (29), que houve fraude nas eleições presidenciais de 2014, vencidas por Dilma Rousseff (PT), e em 2018, em que ele saiu vencedor no segundo turno. Ele acredita que ganhou ainda no primeiro turno. Leia, abaixo, a entrevista na íntegra.

Gostaria de saber inicialmente como está sua saúde? Está bem?

Estou bem, graças a Deus. Os problemas que eu tive na semana passada são consequência ainda, reflexo da facada de setembro de 2018. Então é comum a aderência porque eu tive o intestino perfurado em vários locais, bem como uma redução de 10 cm. Então a aderência, o travamento, o entupimento, vamos assim dizer no linguajar mais popular, isso pode acontecer. E eu sou um péssimo seguidor de conselhos médicos. Eu abusei em um churrasco em Porto Alegre e passei dias difíceis. Graças a Deus, dessa vez eu não fui submetido a cirurgia. Estamos bem, tocando o Brasil e eu fico feliz em vê-lo aqui e dizer que resolvemos tomar essa medida. Todo dia, de segunda a sexta-feira, falaremos a uma rádio diferente, não interessa o alcance dela, para exatamente ser questionado por qualquer pergunta. Estamos à disposição para levar a informação precisa ao nosso povo.

Já que o senhor está falando em rádio, o ex-presidente Lula fez uma provocação hoje ao senhor. Ele disse no Twitter que o senhor acostumou-se a falar em rádio para começar a deixar de mentir a partir de cinco da manhã. Como é que o senhor viu isso?

Se ele está criticando, é sinal de que estamos no caminho certo. É um estímulo que ele dá para mim. Eu acho que ele tem muito o que falar dos oito anos de governo dele e também dos seis da senhora Dilma Rousseff, a qual ele indicou, para falar das realizações. Como ele conduziu o Brasil nesse tempo para falar em especial o que aconteceu com as estatais, os bancos oficiais e como ele negociava dentro do Parlamento brasileiro. E aí, ao fazer uma comparação comigo, a gente vê que mudou da água para o vinho o nosso Brasil. Acho que, não só eles como eu, temos que falar dos nossos governos, não ficar simplesmente em um ataque rasteiro ao nosso governo quando ele fala em mentir. A mentira, lamentavelmente, foi uma máxima da esquerda nesse tempo todo. Estamos com a verdade, inclusive usamos uma passagem bíblica por ocasião da nossa campanha. João 8:32: ‘E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’. Também, Magno, dizer o seguinte: quando comecei a falar isso, muita gente falava que eu não ia conseguir nada porque grande parte da população estava acostumada a ouvir mentiras de governos anteriores. Eu falei: ‘Então vou perder a eleição’.

O Lula mentiu muito então?

Bastante. Ele aproveitou uma época boa na parte econômica, quando pegou o país relativamente arrumado pelo Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real funcionando, a inflação lá embaixo, e ele aproveitou bem essa oportunidade. Mas em 2004, dois anos depois, começou um período bastante complicado de nossa história, onde a corrupção passou a aflorar nos Correios. Naquele episódio conhecido do caso Marinho nos Correios. Então levantou-se a tampa do grande esgoto, onde a corrupção no Brasil falava mais alto. E foi um governo que comprou apoio parlamentar com dinheiro, mensalão, entregando estatais, BNDES, bancos oficiais, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Também loteou praticamente todo o seu ministério para que essas pessoas, ao apoiá-lo no Parlamento, pudesse fazer o que bem entendia com o destino da nação, ocupando dessa forma o poder pelo poder. Veio a operação Lava Jato e todo mundo sabe o que aconteceu.

E antes o mensalão.

O mensalão também. E nós estamos há dois anos e meio sem corrupção no nosso governo. Querem me rotular de corrupto no caso da vacina Covaxin, mas não compramos uma dose sequer, não gastei um real sequer.

Não houve pagamento nenhum?

Zero pagamento. Até porque hoje comemoramos dois anos e meio sem corrupção e aperfeiçoamos a forma de combater corrupção. Eu disse aqui embaixo agora há pouco: todas as eleições, o que mais se fala é em combater a corrupção. Ninguém fez isso como nós fizemos de verdade. Até citei alguns exemplos. Você pega Itaipu Binacional, que investia poucas dezenas de milhões de reais todo o ano. Ano passado, nós investimos R$ 2,5 bilhões. Onde foi feito isso? Duas pontes com o Paraguai, extensão da pista no Aeroporto de Foz do Iguaçu, que já poderá receber voos internacionais. Quarenta municípios do noroeste do Paraná são atendidos por nós. Os próprios Correios, que começou a corrupção em 2004, e quase não dava lucro. Deu lucro de R$ 1,5 bilhão no ano passado. Então foi uma série de medidas que nós tomamos que o povo pode falar que hoje não tem corrupção no Brasil. No BNDES, o prejuízo foi bilionário. Nosso dinheiro foi investido em outros países. Era realmente inacreditável o que acontecia no passado, e hoje a gente mostra isso daí com fatos.

Você não vê mais aquele cano na televisão jorrando dólares com operações da Polícia Federal. É um governo que dá exemplo e o grande legado, apesar dos problemas da pandemia, mostra que o Brasil realmente tem como ser uma grande nação. investindo, no primeiro momento, no combate à corrupção, e na qualidade dos nossos ministros. Se você comparar os nossos ministros com os que antecederam, você vê uma diferença brutal. Hoje todo mundo sabe quem é o ministro pela realização de suas obras, e não por corrupção. Você sabe que hoje temos o melhor ministro do Brasil no tocante à Ciência e a Tecnologia, que é o Marcos Pontes. Você vê também a Damares, que defende a Família, defendendo a criança, a ética, o decoro, diferentemente do que aconteceu no passado.

Você não vê hoje em dia o presidente da República assistindo a dois homens se beijando. Se dois homens querem se beijar, que fiquem à vontade entre quatro paredes, na sua intimidade, ninguém tem nada a ver com isso, mas em público, você não vê mais isso. Você não vê o governo defender ideologia de gênero como acontecia no passado. Ninguém quer aqui que se ensine para os seus filhos aquilo que o pai e a mãe não querem. Então escola é um lugar para aprender Física, Química, Matemática, Português, Biologia, e não ideologias. Mudou muito o Brasil. Temos problemas? Temos.

Voltando ao ex-presidente Lula: quando o senhor escolheu e anúnciou Ciro Nogueira para ministro da Casa Civil, ele falou: ‘E cadê a nova política? O Ciro é a velha política, é o Centrão’.

Poxa, ele tá atacando o Ciro? Eu fui do partido Progressistas por aproximadamente 20 anos porque conta também o PPB e o PPR, que era o próprio Progressistas naquele momento. Conheço o Ciro de algum tempo. No Nordeste, era quase impossível você fazer campanha sem estar com o PT ao lado. Reconheço isso e as pessoas mudam. O Ciro está feliz. Ele falou para mim que o sonho da vida dele era ocupar um ministério como esse. E dizer ao ex-presidente Lula: não é o Ministério das Minas e Energia, onde o orçamento é bilionário, não é o Transporte ou Desenvolvimento Regional. É a chefia da Casa Civil. É a alma de um governo. A nossa interlocução aumentando com o Parlamento de uma forma salutar, e não de forma comprada, como acontecia no passado. E dizer mais: eu acredito em Deus e Ciro também acredita em Deus. Em setembro de 2018, quando levei a facada, vi a morte. Ciro também viu a morte há três dias, quando uma turbina do avião explodiu em pleno voo ao retornar para o Brasil. Ele me contou do desespero e da agonia de quem estava ao seu lado no avião. Ele também ficou preocupado. Esse é um momento em que você procura se encontrar. Foi um sinal de Deus, e graças a Deus deu tudo certo.

O que ouço no Nordeste é que se diz: ‘Vou votar no Lula porque o Lula roubou, mas fez’. É a velha prática do rouba, mas faz?

Ele fez o quê? No tocante à obra, fez fora do Brasil. Na Educação, não deixou nada. Teve o (Fernando) Haddad à frente do Ministério da Educação, onde a política do Paulo Freire deixou nossas crianças menos instruídas. Tem uma prova chama Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Em 65 países, somos o antepenúltimo. Atrás de quase todos os países da América do Sul. Hoje em dia, um garoto tem problemas com a tabuada, a fórmula da água. As escolas foram utilizadas pela esquerda como local de doutrinação. O que ele fez? Juntou uma série de programas e num novo nome, criou o Bolsa Família. Então o povo necessitado foi grato a ele no tocante a isso. E acredito que o Bolsa Família foi o grande sustentáculo por ocasião das eleições. Veja o meu caso: vamos partir do princípio que as eleições de 2018 foram justas. Eu perdi em todos os estados do Nordeste. No Norte, eu perdi apenas no Pará. Nos demais, eu ganhei. E a diferença foi apertada. Ou seja, levo de goleada no Nordeste. O que nós estamos levando para o Nordeste por exemplo? Água. Conclusão de obras que estão paradas há dez anos. Transposição do Rio São Francisco.

O senhor entrega a transposição até o final de dezembro?

Toda a transposição não, mas muita obra sim. A Barragem de Jucurutu, no Rio Grande do Norte. Estive lá com Rogério Marinho. Eu coloquei um ministro do Desenvolvimento Regional da região. Um pessoa altamente competente, inteligente e dedicada. Então essas questões de água, isso é essencial. Para lá (Nordeste), um copo d’água, uma caixa d’água é a vida daquelas pessoas. Nós estamos fazendo isso, como menos recursos do que ele (Lula) teve no passado.

Entrevistei Rogério Marinho recentemente e fiquei impressionado. Ele disse que há 4 mil obras hídricas no Nordeste em andamento, mas o nordestino não tem conhecimento disso. É falta de comunicação do Governo?

Não é falta de comunicação, é outra coisa. A gente está comunicando todo dia. Se pegar algumas prefeituras, que o dinheiro é federal, dizem que o recurso é deles e ainda nos ataca. Lamento. Aos poucos, vamos mostrando à população o que estamos fazendo, com menos recursos do que eles. Então, o Rogério Marinho tem mais de 20 mil obras no Brasil, muitas são convênios com as prefeituras. Até mesmo no Turismo, que é Gilson Machado, com obras de turismo, restauração, é uma pessoa que nos orgulha e que entende do riscado.

Gilson esteve em Caruaru com o ministro da Saúde, (Marcelo) Queiroga. Levaram oxigênio, vacina, aí dizem em Caruaru que quem resolveu a situação foi a prefeita (Raquel Lyra). Onde é que está a comunicação do Governo?

Uma das broncas da grande mídia para conosco, nós cortamos praticamente a propaganda oficial do Governo. Eram mais de R$ 2 bilhões por ano. Resolvemos investir em outro local. E dizer uma coisa para essa grande mídia que nos ataca: se o Brasil for bem, vocês vão arranjar fonte de custeio no setor privado. Então torçam para que o Brasil dê certo, promovam a verdade que todos nós temos a ganhar com isso. Não sou eu querer perseguir a imprensa, longe disso. Quando você fala em vacina: tem governador que não comprou uma vacina sequer.

Mas compraram respiradores de porcos.

Você vê o Consórcio Nordeste. A CPI poderia investigar o Carlos Gabas (secretário-executivo do Consórcio), que sumiu com R$ 49 milhões, e não recebeu um respirador sequer.

Assinado pelos nove governadores do Nordeste. Na época, o Rui Costa da Bahia era o presidente do Consórcio.

Esses são bons de mentir, de se apropriar das obras dos outros. Nós não investimos para divulgar nossas obras. Investimos em mídias sociais. Não tem um centavo público ali e atingimos uma parte considerável da população ali. Nós procuramos o rádio é para se submeter a vocês a qualquer pergunta. Só no ano passado, nós investimos em auxílio emergencial o equivalente a mais de dez anos do Bolsa Família. Estive há pouco com vários integrantes da equipe econômica e levei o Ciro. Discutimos o novo valor para o Bolsa Família a partir de dezembro. Nós vamos aumentar no mínimo em 50% porque houve a inflação. Não vou negar que aumentou o preço do gás, da gasolina, do ovo, do óleo, do feijão, do ovo, da galinha. O mundo todo passou a consumir mais e houve inflação na questão dos alimentos. Nós estamos todo dia procurando atenuar esse problema. Esses 300 reais vão fazer a diferença e o número de beneficiados, nós avaliamos em 22 milhões de pessoas. É bastante gente, custa caro para todos nós, mas devemos ter responsabilidade.

O senhor falou em gás, os combustíveis também estão muito caros. Está todo mundo reclamando do gás lá no Nordeste.

O gás custa 45 reais quando é engarrafado. Qual é o imposto federal? Zero. Eu zerei todos os impostos federais. Então se sai 45 e chega a 110, tem 55 reais no caminho. Qual é a composição desse gasto extra? É o frete, o cidadão que está na ponta da linha vendendo o bujão e o ICMS, imposto estadual. O pessoal deve procurar o seu deputado estadual, o seu governador. Não quero responsabilizar ninguém. Lembrar do senhor Lula, já que falou em mim. Em 2012, ele combinou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, a expropriação de duas refinarias nossas, da Petrobras, que mandava o gás para cá.

Trinta porcento do nosso gás vinha de lá. E o ministro da Defesa à época falou em imperialismo, que nós deveríamos respeitar. Nós investimos na Bolívia naquela época, mais de US$ 1 bilhão, e nós perdemos tudo isso. Parte considerável do gás da Bolívia vem para cá. Em torno de 40% do que o parque industrial de São Paulo vem para cá. O governo Dilma à época, mas quem mandava era Lula, combinou essa expropriação e quem pagamos fomos nós. Quando você fala em construir duas mega refinarias no Nordeste e uma no Sudeste, está errado. É a questão política.

E a refinaria no Nordeste está praticamente parada.

São mais de 200 bilhões de reais em prejuízo. Você tem que construir duas no Sudeste. Por quê? Aqui está o consumo. E por que essas duas no Nordeste? Porque ele (Lula) fez um acordo com Evo Morales e queria o petróleo da Venezuela, só que o petróleo de lá é mais viscoso, mais grosso, não é bom. Nós acabamos sem planejamento, muita roubalheira e essa conta chegou para nós. Repercute no preço do combustível. Hoje, a média do preço da gasolina está R$ 1,90. Poderia estar muito abaixo. Uma parte disso vai para um fundo de R$ 20 bilhões por ano para pagar esses malfeitos do PT na Petrobras. A mesma coisa do BNDES, com rombos bilionários.

Quando se fala que eu estou concluindo obras do PT, é verdade. Muitas obras paralisadas. As obras onde o PT começou e concluiu foram em Angola, Venezuela, Cuba, Bolívia… Pedi um estudo do BNDES com o valor exato em dólares de quanto emprestamos para esses países e não recebemos. Esse é o legado do PT, que chegou ao poder para nunca mais sair. E veio o milagre da Lava Jato. Dona Dilma Rousseff, para fazer média com a população, resolveu diminuir 30% da energia elétrica. Hoje, investimos muito. Começou com Temer, um bom trabalho nessa área, e continua conosco a busca de geração de energia alternativa. Já tinha no Nordeste a eólica e foi potencializada. Também estamos investindo pesadamente na área solar.

Lá em Pernambuco, em São José do Belmonte, foi inaugurado um parque solar maravilhoso, de um grupo espanhol.

Nós zeramos os impostos em placas fotovoltaicas. Somos um país abençoados por Deus. Estamos com a maior crise hídrica do Brasil. Nunca ficamos tanto tempo sem chover.

Vai haver apagão ou não?

Não está previsto haver apagão até porque em governos anteriores, se investiu em fontes alternativas, como aquelas que vêm de combustíveis fósseis. Estamos na iminência de concluir o linhão de Manaus a Boa Vista. Isso passa pela decisão dos índios, e nós temos que respeitar a legislação. Boa Vista está perto de não depender mais da energia da Venezuela. Antes dependia da hidrelétrica de lá, mas quebrou. Lógico, país socialista quebra tudo. E agora depende de mais de 1 mil litros de diesel por dia para que tenha energia no estado de Roraima. Isso está para acabar.

No Nordeste, essa questão da ferrovia seria uma grande alternativa para escoar a produção agrícola ali do Piauí, do Ceará e Pernambuco. Eu vi agora o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, dizer que vai estar concluindo o trecho lá do Ceará, mas não o de Pernambuco. O que houve, presidente?

Primeiro, é importante falar da volta do modal ferroviário no Brasil. Nós temos a ferrovia Norte-Sul. Logo que nós assumimos, começamos a trabalhar para que 1,5 mil km fossem concluídos. Temos outras em andamento. O Tarcísio é uma pessoa excepcional. Se alguma coisa está acontecendo [em referência à Transnordestina], com toda certeza é voltada à burocracia, questão ambiental. Tudo que nós podemos fazer no modal ferroviário, estamos fazendo. O Brasil está no caminho certo. Estamos deixando um legado enorme para quem nos suceder.

O senhor já trabalha com a polarização Bolsonaro x Lula. No Nordeste, o senhor tem nove governadores de oposição. Nas questões hídricas, o senhor já percebeu que alguma obra do seu governo está sendo apoderado pelos governadores?

A gente nota, né. Até no auxílio emergencial. Alguns governadores fizeram campanha como se fosse deles. Até no MDR, do Rogério Marinho, ônibus escolares, fizeram propaganda como se fosse deles. O pessoal bota um adesivo em cima do ‘Pátria Amada, Brasil’, mas não vou deixar de trabalhar por causa disso. Aos poucos, com as mídias sociais, a população vai vendo quem faz e quem não faz. Eu ganhei uma eleição em que arrecadei em vaquinha R$ 4 milhões e gastei pouco mais de R$ 2 milhões, em um partido que tinha oito segundos de TV. Sempre falamos em Deus, pátria e família e a população se apaixonou por nós. Não temos o que temer. Logicamente o que nos preocupa é um sistema eleitoral que deixa muita dúvida perante a opinião pública. Nós queremos uma maneira de termos eleições democráticas. Queremos um voto democrático com a comprovação do papel ao lado da urna. Ninguém vai escrever o nome no papel. Tudo isso é automático. O ‘elemento’ digita o nome das pessoas, ele vê na tela, uma maquininha imprime, ele viu que está de acordo e aperta o botão.

Lá no Nordeste, eles acham que o voto impresso é a volta do sistema anterior, de papel.

Não tem nada a ver. O voto eletrônico nasceu em 1996. De lá para cá não teve uma modernização. Imagina se os bancos adotassem medidas protetivas existentes em 1996 nos dias de hoje. Os bancos seriam roubados. Qualquer um pegaria dinheiro na tua conta e roubaria. Os bancos se aperfeiçoam a cada dia. Essas urnas são de primeira geração. Apenas três países no mundo usam isso ainda. Eu quero um sistema eleitoral onde seu João ou Severino lá do Nordeste, quando ele apertar o botão para seja quem for, que o voto seja contado para aquele candidato dele, e não se corra o risco desse voto ser manipulado. Nós sabemos que onde há o homem, o ser humano, o poder, um orçamento de trilhões de reais, tem gente de olho nisso.

Eu li que na quinta-feira que vem, o senhor vai apresentar provas de que houve fraude em eleições passadas. Foi na eleição do senhor ou na do Aécio?

Nós vamos demonstrar dois momentos muito importantes. Será às 19h, no horário da minha live, deve ser no Ministério da Justiça. Nós convidaremos toda a imprensa brasileira e divulgaremos em nossas mídias sociais. Será uma demonstração do que aconteceu no segundo turno de 2014. As conclusões que se chegam ali é que o Aécio Neves ganhou as eleições. Em 2018, nós vamos demonstrar que ganhamos as eleições no primeiro turno.

Como é essa prova? Impressa, documento?

Nós conseguimos, em 2014, a apuração de minuto a minuto. Durante 231 minutos, uma hora dava Aécio, outra dava Dilma. Quem entende um pouco de estatística, probabilidade, isso é quase impossível de acontecer. No meu caso também é bastante complexo. Em dado momento, aparece uma fotografia. Números aproximados. Apuraram 80% do Nordeste. Na região Sudeste, onde eu era mais forte, apuraram apenas 20%. Nas demais regiões, apuraram aproximadamente 50%. Eu estava com 49% dos votos. O próprio (Gerson) Camarotti, da Globo, entre outros, falava que não ia haver segundo turno. O que aconteceu foi justamente o contrário e diminuiu. Então é mais um indício fortíssimo de manipulação. É um sistema arcaico, não se utiliza mais. Carece muito de confiabilidade, não podemos esperar as eleições para fazer algo.

Quando o senhor anunciar essas provas, vai reafirmar que, sem voto impresso, não haverá eleição?

Não haverá eleições limpas. Vai ser uma eleição fraudada. Queremos mostrar para a população que nós carecemos de aperfeiçoamento desse sistema. Quer ver? O Datafolha diz que o Lula tem 49% no primeiro turno e 60% no segundo. Se nós fizermos que o voto realmente valha, o Lula está eleito. Por que o Lula é contra o voto impresso? É uma coisa simples. Por que depois que o ministro Luís Roberto Barroso foi para dentro do Congresso Nacional discutir com líderes partidários, esses líderes mudaram a posição desses liderados na composição da Comissão do voto impresso e esses liderados substituídos passaram a ser contrários ao voto impresso? Porque sabe que o voto impresso dará a eleição para quem realmente tiver o voto popular.

Uma curiosidade, eu queria uma opinião sua: o que aconteceu com a Joice (Hasselmann)?

Eu não quero entrar nessa polêmica. Está bastante esquisita a história dela. O que eu estou vendo na imprensa é que vão ver o sinal telefônico dentro daqueles dias, vão analisar a fita de entrada e a saída do prédio dela e vão pedir exames complementares no tocante ao que compete a ela. Não quero entrar em detalhes, não quero polemizar. Ela está contando uma história aí, não estou acompanhando. Tenho certeza que a Polícia Civil de Brasília desvendará o que realmente aconteceu.

O que passa a impressão é que ela está insinuando que foi alguém ligado ao senhor?

O tempo todo me culpam de tudo. Até pela geada no Brasil. Então ela me culpa achando que eu vou responder. Não vou responder, não vou polemizar até porque eu tenho mais o que fazer. Tenho que trabalhar em Brasília e não me preocupar com o que acontece com a vida das pessoas. Agora, por ela ser uma parlamentar, acho que o interesse de desvendar a verdade compete a todos nós. Nós queremos a verdade acima de tudo.

A Rede Mais PB, de Heron Cid e Wallison Bezerra, está querendo saber se há previsão para a conclusão do eixo norte da Transposição no Sertão da Paraíba?

O orçamento de Rogério Marinho foi completamente liberado. Tenho falado para Paulo Guedes (ministro da Economia) que a prioridade nossa é água para o Nordeste. Nós devemos conseguir mais algum recurso para avançar nisso. Não posso garantir que vá ser concluído. Estamos ultimando as obras que faltam pouco para serem concluídas. No mês que vem, devo ir com o comandante do Exército brasileiro e da região Norte mostrar uma coisa que ainda não é de grande conhecimento público: o trabalho do Exército na perfuração de poços artesianos no Nordeste. Cada poço que você perfura equivale a menos despesa para nós com carro-pipa, que virou um grande negócio.

Uma pergunta da Teresina FM, nossa parceira no Piauí: a última obra estruturadora lá foi a barragem de Boa Esperança. O senhor tem alguma boa notícia para o Piauí?

Olha, eu não tenho aqui como falar do Brasil todo. Uma rede como vocês com Rogério Marinho seria excepcional. Ele pode dizer de cada estado. Seria muito bom, assim como o Tarcísio na mesma entrevista.

De Sergipe, Aracaju, chega a pergunta do companheiro André Barros, do Sistema Rio de Comunicação sobre a duplicação da BR-101, trecho Sergipe-Bahia. Vai andar?

Vai andar. Olha, tudo o que foi compromissado pelo Tarcísio vai ser realizado, até porque o nosso lema é só anunciar aquilo que tem recurso e dá para ser feito.

Presidente, o senhor tem sete ministros do Nordeste. Quando o senhor começou seu governo, até fiz uma crítica porque não tinha nenhum ministro do Nordeste.

Vamos lembrar aqui. Do Rio Grande do Norte, dois: Rogério Marinho e Fábio Faria (ministro das Comunicações) ; de Pernambuco, o Gilson; Damares (Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos), João Roma (ministro da Cidadania), da Bahia; agora o Ciro Nogueira e também da Paraíba, Marcelo Queiroga (ministro da Saúde).

Eu queria saber se algum desses ministros o senhor vai estimular para ser candidato a governador?

Eu já falei com eles e está aberto. Quem quiser vir candidato, boa sorte. E eles sabem muito bem que têm chance de vitória se eu estiver bem. Acredito que 1/3 dos meus ministros se lance candidato no ano que vem.

E me disseram: olha, nem Bolsonaro nem Lula serão candidatos. Vai ser uma disputa entre Haddad e Tarcísio Freitas.

Tarcísio é um bom nome. É uma pessoa que cursou comigo a Academia Militar dos Agulhas Negras. Prestou concurso para a Câmara, foi o segundo aprovado num concurso dificílimo, já integrou o DNIT e está fazendo um brilhante trabalho na Infraestrutura. Todo mundo quer o Tarcísio ao seu lado. Agora, dependee dele, que é uma pessoa bem-sucedida e se assumir um cargo no Executivo, no meu entender vai dar um show no seu respectivo estado.

E Gilson Machado é candidato a governador?

Não acredito. É muito difícil no Nordeste você construir uma candidatura no Executivo sem o apoio de lideranças locais. Agora, o Gilson talvez ao Senado. Talvez. Não posso garantir porque não tenho conversado com ele sobre política.

Os caminhoneiros são aliados do senhor e estão reclamando muito do preço do diesel. O senhor tem alguma mensagem para os caminhoneiros?

Parecido com o combustível (em referência à gasolina). Temos o preço na refinaria e no final das contas é quase o triplo. O diesel é pelo menos duas vezes e meia o valor disso. Nós estamos querendo fazer com que cada um seja responsável por sua área. Tem uma emenda constitucional de 2001, que diz que o valor do ICMS tem que ser nominal e igual em todos os estados, ou seja, se cobrar R$ 2 de ICMS na gasolina do Rio Grande do Sul, tem que ser o mesmo no Ceará, o mesmo na Paraíba.

Não conseguimos ter sucesso para aprovar essa proposta. Acertamos com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já com os seus liderados, ele vai colocar o Projeto de Lei complementar para que cada estado defina nominalmente o valor do ICMS do álcool, do diesel e da gasolina. Aprovando isso, cabe à população cobrar de quem de direito. O preço do combustível está altíssimo, mas o ICMS é o que mais pesa no bolso do contribuinte.

O senhor falou em Arthur Lira: ele tem sido um aliado muito fiel, mas eu percebo que não tem sido o mesmo comportamento de Rodrigo Pacheco no Senado. O senhor está meio desapontado com Rodrigo Pacheco?

Não. É que primeiro os projetos passam na Câmara, como regra.

O Supremo impôs a CPI e ele aceitou.

Realmente, os governadores e os senadores foram muito bem atendidos pelo governo. Não é justo essa CPI até porque cada semana tem uma narrativa.

E não convocaram nem um governador, presidente.

Não. O próprio Renan Calheiros falou que não apurará desvio de governadores. Eu tô apontando aqui a questão do Consórcio Nordeste. Eu gostaria que a CPI ou o Senado fizesse uma CPI sobre o Consórcio. Eu te pergunto: o que o Senado contribuiu para o combate à pandemia até o momento? Nada. É um local de fofocas. Então, até o primeiro momento, inventaram ali que era a CPI da Cloroquina. Eu tomei cloroquina. Pode ter certeza, 30% dos que estão nos ouvindo tomou hidroxicloroquina ou ivermectina e se deu bem. Depois inventaram um tal de gabinete paralelo. Depois inventaram que o governo iria se corromper, iria se corromper no caso da vacina da Covaxin. Um cabo da PM de Minas e outro cidadão que recebeu auxílio emergencial em 2020 estavam negociando uma propina de 400 milhões de dólares. Isso representaria 1 dólar para cada dose de vacina, isso é uma coisa absurda.

Nós criamos mecanismos em todos os ministérios para evitar corrupção. Além desse filtro, tinha que passar pela Controladoria Geral da União, pelo Tribunal de Contas da União. Eu sempre falei: só se compra vacinas depois de passar pela Anvisa e depois que chegar aqui. Não gastamos um centavo sequer. Os golpistas estão aí, em especial em Brasília. Eu fui parlamentar por 28 anos, o que nunca faltou dentro da Câmara é espertalhão procurando parlamentar para tentar emenda para projetos, para voltar contra projetos ou para tentar projetos que só interessavam para o grupo dele. Agora, entra quem quer. O nosso governo não entrou e somos um exemplo mais do que o discurso, a prática de que não realizamos qualquer ato de corrupção no Brasil.

O senhor é acusado de ser o responsável por esse alarmante número de mortos pela Covid no Brasil, mas esses governadores, presidente, que o senhor enviou dinheiro a valer lá, desviaram recursos da pandemia, compraram respiradores de porcos, fizeram todo o tipo de coisa irregular. Eles também não são responsáveis por essas mortes?

Mais ainda: o próprio Rio Grande do Norte. Uma parte considerável dos recursos encaminhados para a governadora, ela pagou folha dos servidores, pagou o 13º. Você não ouviu dizer no ano passado que algum prefeito ou governador não pagou o 13º. Então o governo ajudou e muito. Agora, injusto é em cima da ajuda que nós fizemos querer inventar atos de corrupção que não ocorreram.

Se tivéssemos uma lei dizendo que eles (governadores e prefeitos) pudessem comprar vacinas sem a certificação da Anvisa e sem licitação. O que você acha que iria acontecer? Ia ser uma festa. Agora, o senador Omar Aziz, que está na CPI, o irmão do Renan Calheiros, Renildo Calheiros, juntamente com o Randolfe (Rodrigues), que está na CPI, tentaram modificar uma medida provisória nossa para que governadores e prefeitos pudessem comprar vacina sem a certificação da Anvisa e sem a licitação. Então, eles ficaram frustrados com isso e estão nos acusando daquilo que eles tentaram fazer e não conseguiram.

E são esses três que o senhor citou que dizem que já há fundamentos para pedir seu impeachment.

Quando se passa para o Ministério Público, não tem base nenhuma ali. Qual é a corrupção? Qual dinheiro foi pago? Não pagamos nada para ninguém. Tem uns picaretas aí que tentaram vender vacina para aplicar um golpe, tudo indica, e não conseguiram. Tiveram seus planos frustrados. Um cabo da PM de Minas Gerais negociando 400 milhões de dólares em propina. Dois bilhões de reais. E um dos seus aliados no esquema pegou auxílio emergencial no ano passado. É ridículo o que esses caras fazem. Estão desgastando o Senado Federal como um todo. Não merece isso. Esses três ou quatro parlamentares prestam um desserviço à nação e não apuram o que tem que apurar. Como por exemplo, o senhor Carlos Gabas que desviou 49 milhões de reais e não recebeu um respirador sequer.

O senhor acusa o Gabas. Ele desviou, presidente, como o senhor está dizendo, mas tendo autorização dos governadores.

Sim. Consórcio do Nordeste. Os governadores do Nordeste. Você pode ver, o lado isento, não tem gente governista na CPI, apresentou requerimento para convocar o Carlos Gabas. O Renan Calheiros junto com o Randolfe Rodrigues e Omar Aziz negaram o requerimento. Eles não querem apurar desvios, querem criar factoides, narrativas, para acusar o governo daquilo que o governo não fez.

Eu trouxe alguns livros aqui que eu fiz para lhe presentear com a temática do Nordeste. Um deles eu fiz em 1993, chama-se ‘O Nordeste que deu certo’, e pode ter subsídios para o senhor conhecer o Nordeste. Tem esse que eu fiz, ‘Reféns da seca’, são aqueles que não têm Bolsa Família, que não têm auxílio emergencial. Não têm absolutamente nada. E tem esse aqui (‘Histórias de repórter’, são as histórias que eu vivi nos últimos 40 anos em Brasília.

Em 1977, quando era cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, fiquei parado quase dois meses em Olinda, num quartel na Beira da Praia, no Bairro Novo, e conheci um pouco do Nordeste, mas a parte litorânea. Mais tarde, já oficial, conheci mais do Nordeste. Já presidente, confesso que conheci muito mais.

Mas dizem que o senhor não conhece o Nordeste.

Não, realmente eu não conheço o Nordeste com profundidade. Não conheço, é verdade. Agora, você ter contato com essas pessoas humildes, a pele ressecada, as pessoas têm falta d’água, do básico. Pessoas que vivem num estado de pobreza absoluta. Tanto é que o que nós sempre fazemos ao viajar para qualquer lugar do Brasil, em especial do Nordeste: eu vou cumprir a missão em tal município. Vamos lá ver a represa de Jucurutu com Rogério Marinho. Na volta, a gente escolhe um vilarejo, uma pequena cidade e paramos, sem ninguém saber. Vamos conversar com a população, sentir o povo, o que ele tem a transmitir.

Por exemplo: uma das últimas paradas nossas no Ceará foi em Missão Velha, no Ceará. Um lugar pobre, um povo humilde, trabalhador. Aí eu fui no Bar do Beiçada, e ali eu perguntei o que falta aqui? Falta uma agência bancária. Entrei em contato com Pedro Guimarães, da Caixa Econômica Federal, e em questão de dez dias, o Pedro esteve lá inaugurando uma moderníssima agência da Caixa também voltada um pouco para o agro porque a economia de Missão Velha é voltada a banana. E assim nós fizemos.

Antes de o senhor fazer as suas despedidas, gostaria de saber o seguinte: vai ter mais reforma ministerial?

Olha, elas acontecem. Às vezes não são programadas. Essa de agora vai melhorar a nossa interlocução com o Congresso. O general (Luiz Eduardo Ramos) é uma excepcional pessoa. Eu o conheço desde 1973. É meu irmão. Agora, o linguajar do parlamento, ele tinha dificuldade.

O senhor não tinha um político na Casa Civil. Agora o senhor colocou um político.

É a mesa coisa que eu pegar o Ciro Nogueira para conversar com os generais do Exército brasileiro. O Ciro não vai saber, por melhor boa vontade que ele tenha. Então o Ramos foi para outro ministério aqui do lado e entrou o Ciro, com uma experiência de vida diferente dele agora, né. Eu o conheço desde 1995. Cheguei em 1991 na Câmara, e ele vai fazer um brilhante trabalho de aproximação e melhor entendimento com o Parlamento.

Faça sua despedida para o Norte-Nordeste.

A todos do Norte-Nordeste: estou conhecendo melhor agora como presidente da República. Priorizamos obras essenciais para vocês, com um ministro excepcional que é o Rogério Marinho, bem como o Tarcísio, que tem um carinho especial com vocês. Estamos investindo nossos recursos para concluir, em grande parte, obras que começaram lá atrás, mas são essenciais para todos vocês. Se Deus quiser, nós concluiremos a Transposição do Rio São Francisco até o final do ano que vem. É um grande legado a todos vocês. Vocês merecem isso. É o mínimo que um chefe de estado pode fazer por vocês.

O que eu quero de vocês cada mais? Que vocês se inteirem melhor. Estamos levando via Fábio Faria a internet para todas as escolas do Brasil, e em especial a do Nordeste para que essa informação chegue realmente na forma real, verdadeira para vocês. Para que vocês possam cada vez mais decidir quem serão seus representantes, quer seja estados, municípios, federal. E o que nós temos a oferecer é isso: honestidade e trabalho em primeiro lugar. Muito obrigado a todos vocês!

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