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A opacidade do novo IBGE de Lula

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Foto: Ricardo Stuckert

Pochmann demonstra apreço pelo modelo chinês de gestão de estatísticas, conhecido pela manipulação, e menosprezo pelo escrutínio da imprensa. Quem o nomeou sabia o que estava fazendo

Por Estadão

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o mais importante provedor de dados do País. Produz uma infinidade de pesquisas com informações censitárias, ambientais, econômicas, geocientíficas e sociais que traçam com precisão o retrato do Brasil. Segue, para isso, um Código de Boas Práticas, baseado em critérios certificados internacionalmente, que classifica as estatísticas como um bem público que tem na credibilidade a premissa fundamental para o exercício da cidadania.

A divulgação dos dados estatísticos produzidos pelo IBGE segue um ritual há muito conhecido pela imprensa, com entrevistas coletivas nas quais os técnicos detalham cálculos, estratificam resultados, cruzam informações, elaboram comparações e tentam dirimir todas as dúvidas que surgem. Apenas se recusam a fazer exercícios de futurologia ou avaliar de forma pessoal os resultados. A regra básica é limitar a apresentação ao que mostram os números, de forma estritamente técnica.

Apesar de todo o rigor, o atual presidente do IBGE, Marcio Pochmann, está descontente. Em cerimônia interna no dia 24 de outubro, para empossar Daniel Castro como coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), informou que o estatuto do IBGE vai mudar para incorporar a coordenação de Comunicação Social, antes autônoma, ao CDDI. Como primeira consequência, pretende eliminar as entrevistas coletivas. Trata-se de evidente intenção de evitar o contraditório.

Para que não restassem dúvidas, apesar de seu discurso pouco assertivo e marcado pela tergiversação e pela linguagem trôpega, em determinado momento Pochmann afirmou que “a comunicação do passado” era aquela em que o IBGE divulgava os dados “através dos meios de comunicação tradicionais”. Segundo ele, “isso ficou para trás”, pois “hoje cada um de nós tem a capacidade de comunicação”, provavelmente referindo-se às redes sociais. Daniel Castro, por sua vez, disse na cerimônia que o grande desafio do IBGE “é chegar na dona Maria diretamente”. Ao que parece, a intenção é difundir informações diretamente ao público nessas redes, sem o filtro crítico e técnico dos jornalistas.

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