
Diário do Nordeste
A concessionária Transnordestina Logística S.A. (TLSA) recebeu somente R$ 400 milhões do R$ 1,81 bilhão previsto para este ano nas obras da ferrovia de mesmo nome, totalizando apenas 22% do valor estimado. A empresa, contudo, afirma não haver falta de recursos até o momento.
Os dados foram repassados por Tufi Daher Filho, presidente da TLSA, em entrevista ao Diário do Nordeste. Atualmente, a construção da malha ferroviária segue avançando na execução da infraestrutura em cinco lotes (4, 5, 6, 7 e 11), localizados no interior do Ceará.
A concessionária aguarda novos repasses, que devem ser realizados “nos próximos dias”, para iniciar novos trechos da obra.
Quanto ainda falta
Do total previsto, R$ 600 milhões são de mais uma parcela do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), do Banco do Nordeste (BNB), a serem liberados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Além disso, há valores a serem recebidos do antigo Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor). De acordo com Tufi, são R$ 816 milhões. A questão é de que, até o momento, só chegaram R$ 400 milhões para a TLSA referentes ao FDNE.
“O BNB já encaminhou e estamos aguardando, até pela responsabilidade que tem nos contratos, que a Sudene possa liberar quanto antes. A gente tem uma liberação de R$ 600 milhões para ser feita, daquela primeira parte do R$ 1 bilhão. Esses R$ 600 milhões vão ser de fundamental importância para darmos continuidade não só aos lotes que a gente tem, como também para começar a contratar os outros. Tem mais outra parcela de R$ 816 milhões que deve sair nos próximos dias”, detalha.
O presidente da empresa reforça que, hoje, “o desafio da construção é financeiro”, embora admita que, até o momento, “não faltou recurso” governamental para a construção da Transnordestina. Segundo ele, 99% de toda a área destinada à construção já foi desapropriada. Em relação ao 1% restante, as negociações estão sendo conduzidas com os proprietários.
As obras da Transnordestina se arrastam no interior do Nordeste brasileiro há quase 20 anos. Atualmente, o projeto tem 1.206 quilômetros (km) de extensão, atravessando 53 municípios em três estados (Piauí, Ceará e Pernambuco), ligando Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE).
A fase 1 do empreendimento já ultrapassou 70% de execução. São 608 km somente em território cearense, com previsão de entrega em setembro de 2027, prazo que está sendo seguido à risca, como pondera o presidente da TLSA.
“Tudo aquilo que programamos de fazer viemos cumprindo rigorosamente. Temos obra nos lotes 4, 5, 6, 7 e 11. Acabamos de contratar o lote 8, que em mais 30 dias a gente inicia a obra. Seis lotes são praticamente 280 km de obras. Agora no segundo semestre, vamos contratar os lotes 9 e 10 para podermos concluir a fase de contratação da chamada fase 1. Já estamos com mais de 3,5 mil funcionários diretos na obra, e esperamos que no pico tenhamos entre 7 mil e 8 mil empregos diretos”, elenca Tufi.