Após o embate interno que marcou as recentes eleições da direção estadual do MDB em Pernambuco — vencidas por Raul Henry, com oposição liderada por Jarbas Vasconcelos —, o senador Fernando Dueire ressaltou a falta de diálogo na condução do partido e afirmou que o grupo ao qual pertence ainda avalia os rumos que tomará.
“Nós tivemos um embate exatamente porque o partido não estava sendo ouvido”, declarou o senador. Segundo ele, cerca de 80% dos prefeitos emedebistas estavam incomodados com a condução das decisões sem consulta às bases. “A história do MDB é uma história democrática, de diálogo, de construção. Nossa posição foi um resultado deste eco”, disse.
Dueire também afirmou que o movimento não teve origem em desavenças pessoais, mas na tentativa de provocar uma discussão interna que acabou não acontecendo
“Naquele momento não era nem uma questão de posição política, era para que nós pudéssemos balizar uma discussão interna. Mas não foi possível, porque o ex-deputado (Raul Henry), a quem eu respeito, entendeu que essa era uma decisão que ele podia tomar sozinho”, disse.
Na disputa pela presidência do diretório estadual, o grupo de Dueire obteve 43% votos, um número expressivo que ele classifica como representativo. “Tivemos 43% votos, significa que uma parte razoável do partido quis essa discussão.”
O senador deixou claro que ainda não há definição sobre uma possível saída do MDB, mas não descartou essa hipótese. “Estamos aguardando o segundo semestre para verificar como efetivamente as coisas vão ficar, para que a gente possa ter um caminho — ou dentro do partido, nessa discussão, ou dentro do partido numa dissidência.”
Dueire reforçou que o grupo que integra tem como referência a trajetória política de Jarbas Vasconcelos, ex-governador e uma das maiores lideranças históricas do MDB no estado. “Jarbas tomou uma posição que não foi por causa de Jarbas Filho nem minha. Foi uma posição de vida. De ouvir, discutir, e até ceder quando necessário. Mas sempre com argumentos”, concluiu.
