
A greve parcial dos peritos médicos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que se arrasta desde agosto do ano passado, tem aumentado o tempo de espera de trabalhadores que precisam de atestado para o recebimento de benefícios previdenciários.
Em julho de 2024, mês anterior ao início da paralisação, a fila para a realização de perícia era de 576,3 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Previdência. O número pulou para 606 mil em agosto e foi aumentando mês a mês. O dado parcial de janeiro de 2025 é 686 mil pessoas aguardando atendimento. Sem a perícia, o segurado do INSS não consegue receber benefícios como o auxílio-doença.
O impasse nas negociações constitui mais um desgaste para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enfrenta outras reivindicações do funcionalismo. Sindicatos pedem reajuste salarial, equiparação de carreiras e outros benefícios. Na Receita Federal, a operação-padrão dos auditores-fiscais – uma estratégia do movimento grevista – impõe atrasos e prejuízos ao comércio exterior, e a paralisação de renegociações tributárias limita a arrecadação.
No caso dos peritos do INSS, o movimento atinge 10% da categoria, que quer o cumprimento de um acordo firmado em 2022, que estabeleceu normas de produtividade.
Em meados de 2024, o Ministério da Previdência Social, ao qual o INSS é vinculado, criou um novo Programa de Gestão e Desempenho, desagradando parte dos servidores, que decidiu pela greve.
“Estamos há mais de quatro meses interrompendo as atividades regulares, e nesse período todo o governo não se dispôs a negociar nenhuma vez”, afirma Paulo Liporaci, advogado da Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP). “Provocamos o governo mais de dezenas de vezes, mandando ofício para marcar para instaurar mesa de negociação com o ministro [da Previdência] Carlos Lupi e com outros ministros, e nenhum ofício nosso teve resposta.”