Ex-presidente se disse irritado com citações a seus familiares nas investigações.
Agência O Globo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou na manhã deste sábado a feira do Movimento dos Sem Terra (MST), que está sendo realizada no Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. Ao final da visita, Lula se reuniu com integrantes da direção nacional do MST e disse estar muito irritado com as citações a nomes de seus familiares na Operação Lava-Jato.
— Ele falou que está muito irritado porque são inverdades. Citam nomes de familiares dele sem provas e ele tem que ficar defendendo. Além de defender o PT, tem que defender a família — disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.
Foi o segundo ataque do ex-presidente ao conteúdo das delações premiadas da operação Lava-jato em menos de 24 horas. Na noite de sexta-feira, durante evento do PT na Bahia, Lula afirmou que o Brasil vive “quase um estado de exceção” pela promessa de liberdade para os acusados que se dispõem a colaborar com as investigações.
“Estamos vivendo um momento excepcional, em que o cidadão é preso e esse cidadão tem a promessa de ser solto se ele delatar alguém. Aí, ele passa a delatar até a mãe, se for o caso, para poder sair da cadeia. O dado concreto é que nós estamos vivendo quase um estado de exceção. […] A gente não pode permitir que joguem nas nossas costas a pecha daquilo que nós não somos”, afirmou Lula, de acordo com o G1.
No evento do PT na Bahia, Lula ainda citou o PSDB e afirmou que sente raiva quando vê “corruptos históricos falando de ética”.
“Obviamente que nós achamos que quem errar neste país tem que pagar. Não defendemos quem pratica corrupção, não. Mas, às vezes, eu vou ficando irritado porque parece que os empresários tinham dois cofres: tinha um cofre do dinheiro bom e um cofre do dinheiro ruim. E parece que o PT só ia no dinheiro ruim. O bom era para o PSDB, para os outros partidos políticos”, criticou Lula, conforme o G1.
Neste sábado, em São Paulo, as lideranças do MST se queixaram a Lula de programas federais que estão parados. Citaram programas de compra de alimentos produzidos em assentamentos, uma linha de crédito do BNDES para agroindustria e incentivos à produção agroecológica.
O ex-presidente ficou de levar as demandas à presidente Dilma Rousseff. Lula não deu entrevista. Ao ser abordado sobre a sua relação com o pecuarista José Carlos Bumlai, respondeu aos jornalistas em tom de brincadeira:
— Sou mulçumano. Não falo de política aos sábados.