
Estadão
A guerra entre Irã, EUA e Israel pode chegar até o Brasil? A resposta a essa pergunta envolve um dos cenários com os quais militares brasileiros envolvidos com a segurança na Tríplice Fronteira trabalham: a análise de possíveis nexos entre a criminalidade organizada e o grupo xiita libanês Hezbollah. O que era um problema de segurança pode se agravar ainda mais, na medida em que o grupo apoiado pelo Irã se torne alvo de ações militares americanas em razão do caráter do conflito no Oriente Médio.
A preocupação com o risco de um ataque contra alvos no Brasil ou na América do Sul nasceu em razão do movimento da administração Donald Trump de buscar caracterizar como terroristas as organizações ligadas à criminalidade organizada, o que poderia autorizar ações armadas dos EUA contra alvos desses grupos. Até então, os americanos apostavam na cooperação militar e policial com os países da região, por exemplo, por meio de sua agência antidrogas, a DEA.
No mês passado, oito grupos – Tren de Aragua (Venezuela), Mara Salvatrucha (MS-13, de El Salvador) e os mexicanos Cartel de Sinaloa, Cartel de Jalisco Nueva Generación (CJNG), Cartel del Noreste (CDN), La Nueva Família Michoacán, Cartel do Golfo e Carteles Unidos – foram listados pelos EUA ao lado de grupos terroristas, como a Al-Qaeda, o Boko Haram, o Estado Islâmico e o Ansarallah (Houthis).
Enquanto isso, no Congresso brasileiro, deputados ligados ao bolsonarismo procuram aprovar uma modificação legal para tornar o desejo da administração Trump realidade em vez de unificar o combate ao crime organizado e criar uma agência nacional que o combata. Ao mesmo tempo, a Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, tornou público em 19 de maio a oferta de US$ 10 milhões de recompensa para quem fornecesse informações sobre “mecanismos financeiros do Hezbollah na área da Tríplice Fronteira”.