
O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) está em processo de contratação, por R$ 321 milhões, de uma empresa em nome de um “laranja” da periferia de Brasília investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por suspeitas de uso de declarações falsas e de fraude em licitações.
A R7 Facilities venceu a disputa de preços de uma licitação aberta pela pasta da ministra Esther Dweck para contratar, por três anos, 1.216 funcionários terceirizados para 12 ministérios. O certame, considerado um dos maiores do setor nos últimos anos, está em fase de análise de recursos.
Em nota, o ministério afirmou que não identificou qualquer condenação que impeça a participação da R7 na licitação e que todo o processo segue “requisitos técnicos, operacionais e financeiros, garantindo transparência e isonomia no certame”. A empresa, por sua vez, refuta a existência de um “laranja” e afirma ter uma sólida trajetória no mercado com serviços de qualidade prestados por meio de licitações vencidas de maneira regular (leia mais abaixo).
O governo pretendia pagar até R$ 383,1 milhões pelos serviços licitados. A R7 disse que faria por R$ 321 milhões e foi a firma que ofereceu o menor preço, entre as 41 que fizeram propostas. O ministério a classificou como “aceita e habilitada” no último dia 8 de janeiro.
Após a publicação de reportagens do Estadão sobre a R7 e sobre o grupo econômico do qual ela faz parte, a empresa se tornou alvo de uma investigação preliminar da CGU em março de 2024, quando a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República anunciou a providência sobre o caso.
No último dia 23 de janeiro, 11 meses após as primeiras suspeitas publicadas, a pasta do ministro Vinícius Marques de Carvalho decidiu pela instauração de um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR), por possíveis violações às leis anticorrupção e de licitações. O processo pode resultar em multa de até 20% do faturamento bruto do ano de 2024 ou em restrições de contratar com a administração pública.
“As suspeitas recaem sobre provável utilização de declarações com conteúdo falso e possível combinação em certames licitatórios, bem como possível utilização de interpostas pessoas (’testa-de-ferro’ e ‘laranja’) no quadro societário”, destacou a CGU.
Quatro empresas apresentaram recursos pela retirada da R7 da licitação. Elas alegam, entre outras coisas, que o preço menor da R7 é baseado em uma desoneração da folha de pagamentos dos funcionários que ela não poderia oferecer. A pasta ainda não analisou os pedidos de desclassificação.