
Por Alexandre Garcia*
Era uma nota do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ou seja, relativo ao mundo ocidental, do Departamento de Estado norte-americano, e o governo brasileiro vestiu a carapuça, como se fosse realmente para ele – e era. Mas foi uma nota de princípios, dizendo que “o respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos Estados Unidos por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”.
O governo brasileiro viu aquilo e pensou “opa, está se referindo a nós”. E fez uma nota. Consta que a nota foi escrita pelo ex-chanceler Celso Amorim, que é o assessor de Lula para assuntos internacionais e tem mais força na política externa que o ministro das Relações Exteriores, talvez mais até que o próprio Lula. O Itamaraty respondeu dizendo que estava “surpreso” com a nota dos norte-americanos. O interessante é que respondeu, e agora criou uma questão de Estado.
*jornalista, apresentador e colunista de política