
Folha de S. Paulo
A desaprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu o pior patamar numérico desde o início do mandato petista, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4. O índice chegou a 57%, contra 40% que aprovam a gestão feita pelo petista. Ambos os percentuais oscilaram um ponto percentual, dentro da margem de erro de dois pontos — eram 56% e 41%, respectivamente, na rodada da pesquisa em março.
O ineditismo se repete quando o recorte é entre aqueles com renda familiar de até dois salários-mínimos, eleitorado que historicamente apoia Lula. Há empate técnico pela primeira vez no levantamento: 50% aprovam o governo e 49% desaprovam. Em julho de 2024, o placar era de 69% a 26%.
A desaprovação bateu recorde em maio mesmo diante da melhora na percepção econômica, com um percentual menor de entrevistados respondendo que a economia piorou e que os preços de alimentos, combustíveis e água e luz subiram.
Um fator que contrabalanceou essa percepção foi o escândalo dos descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar dos esforços da gestão petista para enfatizar que o esquema começou no governo de Jair Bolsonaro (PL), 31% dos entrevistados disseram que o principal responsável pelos desvios foi o governo Lula, gestão em que os descontos atingiram índices maiores. A pergunta foi espontânea, o que significa que os entrevistados podiam responder o que quisessem, em vez de se aterem a uma lista de opções.
O INSS foi responsabilizado por 14%, as entidades que fraudaram a assinatura dos aposentados e o governo Bolsonaro, por 8%, e os próprios aposentados e pensionistas, por 1%. Não souberam ou não responderam 26%, enquanto 12% apontaram outros responsáveis.
“A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo. O eleitor está mais difícil de ser convencido, e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição”, analisou o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest.
O eleitorado se divide quanto à necessidade da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS: 50% avaliam que é importante que deputados e senadores abram uma apuração, enquanto 43% consideram que a investigação feita pela Polícia Federal é suficiente e a oposição quer apenas desgastar o governo.
A repercussão do escândalo do INSS pode ser medida na comparação com as mudanças anunciadas no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), incêndio que o governo tenta apagar nas últimas duas semanas.
Enquanto 82% dos entrevistados ficaram sabendo dos desvios nas aposentadorias e pensões, apenas 39% estavam cientes da alteração no IOF — a maioria, 58%, não sabia da mudança. Neste caso, 41% consideraram que o governo acertou ao voltar atrás no aumento do imposto para aplicações de fundos em investimentos fora do País.
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 2.004 pessoas com 16 anos ou mais em 120 municípios entre os dias 29 de maio e 1º de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.