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Com R$ 40,5 bilhões em gastos fora da meta fiscal, governo Lula terá rombo de R$ 69 bilhões em 2024

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Folha de São Paulo

As despesas de combate à calamidade no Rio Grande do Sul e às queimadas e o pagamento de valores retroativos ao Judiciário resultarão em um gasto de R$ 40,5 bilhões fora das regras fiscais em 2024.

Com isso, mesmo prometendo um resultado dentro da meta fiscal, que permite um déficit de até R$ 28,8 bilhões neste ano, o rombo efetivo será de R$ 68,8 bilhões no segundo ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mesmo fora das regras fiscais, essas despesas contribuem para elevar a dívida pública. A dívida bruta do país ficou em 78,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em julho, segundo dados do Banco Central.

De acordo com o relatório bimestral do Orçamento, divulgado na sexta-feira (20), foram destinados R$ 38,6 bilhões em créditos extraordinários ao enfrentamento da calamidade no Rio Grande do Sul, estado assolado por enchentes em maio de 2024.

Outros R$ 514,5 milhões foram direcionados para o combate a incêndios, sobretudo na Amazônia e no Pantanal.

Houve ainda um crédito extraordinário de R$ 1,35 bilhão em favor do Judiciário e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).

Como mostrou a Folha, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou ao Executivo restituir diferenças retroativas de limites concedidos a menos no teto de gastos entre 2017 e 2019. O dinheiro foi liberado no início de julho, e a maior parte (R$ 1,1 bilhão) foi direcionada a despesas com pessoal.

O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, disse, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (23), que ninguém esperava eventos dessas proporções, tanto em relação às enchentes no Rio Grande do Sul quanto às queimadas. Ele lembrou que o crédito extraordinário é um instrumento já previsto na Constituição e que a própria lei do arcabouço fiscal o exclui do alcance do limite de gastos.

“A gente tem muito zelo e preocupação com esses valores que ficam, ainda que justificáveis, fora das metas. A gente faz todo um esforço para que somente aquilo que de fato é extraordinário e que você não tem como lidar [seja autorizado]. Também, a gente tem o outro lado: não pode deixar o país pegar fogo, a economia ser atingida de uma forma muito forte, impactar a vida das pessoas. A gente precisa agir com essas medidas”, disse Guimarães.

Embora fora do limite de gastos, o crédito extraordinário entra para a contabilidade do resultado primário, segundo as regras fiscais em vigor. O governo Lula, porém, negociou com o Congresso Nacional a exclusão das despesas com o Rio Grande do Sul da meta fiscal, dado seu volume expressivo.

Sem esse aval, o governo precisaria contingenciar outras verbas do Orçamento para evitar o estouro da meta e o consequente acionamento de gatilhos indesejados pela ala política —o principal deles pode tirar cerca de R$ 16 bilhões de espaço fiscal em 2026, ano de eleições presidenciais.

A exclusão dos gastos de combate às queimadas, por sua vez, foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal).

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