A primeira-dama Janja Lula da Silva discursou e chorou nessa sexta-feira (7) ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campo do Meio (MG). Ela afirmou que não sente “medo” nem “vergonha”, mas sim “coragem”.
As manifestações vêm em um momento em que Janja tem sido alvo de críticas e de requerimentos apresentados na Câmara dos Deputados, nos quais parlamentares da oposição solicitam informações sobre seus gastos e atividades. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação para apurar possíveis irregularidades envolvendo Janja e familiares do presidente.
Durante o evento, Lula pediu que a primeira-dama falasse sobre o Dia Internacional das Mulheres, celebrado neste sábado, 8 de março. “Queria agradecer o carinho com que fui recebida aqui. É um carinho que só me faz seguir de cabeça levantada. Eu não tenho medo, eu não tenho vergonha, eu só tenho coragem”, declarou Janja, com lágrimas nos olhos.
Pacote Anti-Janja
A oposição tem intensificado os questionamentos sobre o papel da primeira-dama no governo. O deputado federal Zucco (PL-RS), novo líder da oposição na Câmara, lançou um movimento para apurar suas atividades, que inclui pedidos de informação direcionados a cinco ministros do governo Lula. O grupo oposicionista apelidou a iniciativa de “Pacote Anti-Janja” e questiona a falta de transparência sobre os gastos da primeira-dama.
Pesquisas de opinião também indicam uma queda na popularidade da primeira-dama. Em dezembro de 2024, um levantamento da Quaest apontou que 28% dos brasileiros tinham uma visão negativa sobre ela, um percentual superior ao das avaliações positivas (22%). A mudança é significativa em relação ao fim de 2023, quando sua imagem positiva (28%) ainda superava a negativa (26%).
O evento em Minas Gerais foi marcado pela entrega de terras a integrantes do MST, uma das principais bases de apoio ao governo Lula.
Janja já é alvo de 85 requerimentos na Câmara
A primeira-dama Janja da Silva é alvo de 85 requerimentos na Câmara dos Deputados, 74 a mais que Michelle Bolsonaro. O levantamento foi feito pelo Poder 360. No total, as duas primeiras-damas motivaram 96 solicitações de deputados federais, número muito superior ao das cinco primeiras-damas anteriores.
A maioria dos pedidos contra Janja partiu do PL, partido de oposição, e tratam, principalmente, de suas viagens oficiais. Um dos casos mais recentes envolve sua ida a Roma, em fevereiro de 2025, para representar o Brasil em um evento da ONU, com custos de R$ 260 mil, mesmo não ocupando cargos oficiais no governo. Outro requerimento questiona gastos de R$ 280 mil com segurança durante sua visita ao Qatar, em setembro de 2024.
Além das viagens, há questionamentos sobre a colaboração de Janja em publicações do Ministério da Saúde no Instagram e encontros com influenciadores digitais sob a alegação de estimular o aumento de seguidores em suas redes sociais com publicações compartilhadas. Alguns requerimentos foram arquivados após respostas dos órgãos responsáveis, mas a maioria segue ativa em análise.
Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), havia sido alvo de 11 requerimentos ao longo do mandato do marido (2019-2022), a maioria relacionada a utilização de recursos públicos. O caso mais citado foi a suspeita de influência na concessão de empréstimos da Caixa Econômica Federal, além de repasses ao programa Pátria Voluntária e depósitos feitos por Fabrício Queiroz.
