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Alepe: Audiência pública discute saúde mental e apoio psicológico para policiais

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Foto: divulgação

O olhar especial para os profissionais de segurança pública motivou a realização de audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental dos Pernambucanos nesta quarta (6). Em 2022, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) registrou 1.920 afastamentos por questões psicológicas, com mais de 25% do efetivo buscando atendimento psiquiátrico. Os números foram passados pelo coordenador da Frente, o deputado Joel da Harpa (PL), com dados da Lei de Acesso à Informação (LAI).

“No Brasil, pelo menos 43 policiais militares são afastados por dia por transtornos psiquiátricos. A pressão enfrentada diariamente pelos profissionais de segurança pública e a exposição constante à violência, sem apoio psicológico adequado, agravam o quadro”, ressaltou o parlamentar. Ele frisou que os problemas afetam não apenas o profissional, individualmente. “Essa é uma questão urgente. O policial sofre, a tropa sofre, a família sofre, e o reflexo é gigante também na sociedade”, avaliou.

URGÊNCIA – Joel da Harpa (ao microfone) expôs dados sobre situação dos agentes de segurança. Foto: Anju Monteiro

Insuficiência

Uma das principais dificuldades apresentadas no encontro foi a necessidade de ampliar os atendimentos para responder à demanda, tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil.

ESCASSEZ – Faltam médicos, segundo a capitã Ludmilla Vasconcelos, psiquiatra da PMPE. Foto: Anju Monteiro

“Só contamos com três psiquiatras vinculados à PM, para atender a todos os profissionais do estado. O último concurso para médicos foi em 2008”, relatou a psiquiatra do Centro Médico Hospitalar da Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militares de Pernambuco, capitã Ludmilla Vasconcelos.

A situação da Polícia Civil é ainda mais delicada, como informou Benedito de Oliveira, diretor de Recursos Humanos da instituição. “Se a PM tem três psiquiatras, nós não temos nenhum. Contamos com cinco psicólogos e dois assistentes sociais”, afirmou.

Danielly Alves, que trabalhou como cabo da PMPE, deu um depoimento durante a reunião. Ela foi reformada por razões de saúde mental. “No meu batalhão, todos me conheciam por Dani Sorriso. Um dia, um colega percebeu que eu estava diferente e me orientou a pedir ajuda”, contou.

Estigma

O estigma relacionado ao cuidado com a saúde mental foi apontado no encontro como um desafio dentro das corporações. “O meio policial não vê com simpatia a fragilidade e a vulnerabilidade. É importante ter clareza que isso são preconceitos. Esconder o que não está bem pode ser pior”, avaliou a chefe da Unidade de Estudos e Gerenciamento de Saúde e Valorização da Polícia Civil de Pernambuco, a psicóloga Ana Paula Veloso, que atua há 21 anos na instituição.

REFORMADA – Cabo Danielly Alves relatou afastamento por questões psicológicas. Foto: Anju Monteiro

Danielly informou que enfrenta essa dificuldade. “Eu evito encontrar ex-colegas de trabalho, digo que estou de licença, e não na reforma. Não me sinto bem em falar que fui fraca e não consegui permanecer na Polícia”, relatou.

“O grande desafio é humanizar o profissional sem fragilizá-lo”. O entendimento é da tenente-coronel Vanessa Santos, psicóloga do Núcleo de Saúde Mental da PMPE. Ela elencou medidas que a instituição tem adotado para enfrentar a questão. “No ano passado criamos o Núcleo, que promove palestras, visitas, atendimentos online e presenciais. Temos psicólogo de plantão, publicamos a doutrina de saúde mental da instituição, estamos acompanhando a tropa de perto”, destacou.

De acordo com a tenente-coronel, em 2024 foram realizados 334 atendimentos presenciais e 2.329 online para policiais da ativa. Ela informou, ainda, que 95% dos policiais acompanhados por psicólogos também são atendidos por psiquiatras. Outro destaque foi a implantação do Programa Tamo Junto, que capacita policiais para ouvir e orientar colegas a buscar atendimento psicológico.

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