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Participação na política vai além do voto

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Falta de preparo do brasileiro contribui para a apatia política

Por Daniel Torres *

Tradicionalmente o brasileiro não participa da política além do período eleitoral. Essa é avaliação do mestre em Ciências Políticas Everaldo Moraes, da UnB, e seguida por outros especialistas na área.

Segundo ele, essa apatia não é exclusividade do brasileiro. Moraes explica que em outros regimes democráticos estáveis isso também é comum. “Toda democracia opera com um certo grau de apatia”. Não querer se envolver com a política é uma forma de se posicionar contra o assunto”, comenta o professor.

No entanto, existe uma diferença entre não participar da política por opção e não participar por não saber como. Segundo Moraes, essa falta de preparo do cidadão é grande no Brasil e dificulta a participação fora do período eleitoral. “O cidadão comum não tem o preparo para fiscalizar e acompanhar o trabalho dos políticos. É preciso ensinar nas escolas para que servem as instituições, como funciona o orçamento, os direitos e deveres do cidadão na democracia”, defende.

Outro fator que influência nessa baixa participação é o momento político. Na opinião da professora de Ciências Políticas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Maria do Socorro Braga, há um desencanto uma redução da participação e do interesse da população porque estamos num período de instabilidade política.

Neste contento já está virando um hábito dizer que o regime democrático está em crise. Surge atualmente exemplo disso devido à revolta com que os cidadãos encaram os comportamentos – ações, envolvimentos em irregularidades ou omissões – dos responsáveis políticos.

Dá que pensar! Se recuarmos no tempo e na história vem-nos à memória as palavras de Platão (428-347 a.C.) quando afirmava que “O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior”.

Apesar da crise política, social e moral que o país atravessa, notamos que a nossa economia anuncia boas perspectivas de recuperação, implicitamente considera se continuar nesse ritmo podem surgir melhores condições para a população; de tudo não está perdido.

Para boa parte da oposição ao governo, nada podia ser pior do que algo neste governo esteja dando certo, porque esvazia um pouco os seus discursos de campanha. Nesse cenário de apatia do eleitorado corremos o risco de surgir um novo salvador da pátria pretendendo dar uma esperança mesma que superficial ao eleitorado. Quem vai decidir esta eleição não são apenas os militantes, que, apesar de tudo, são o componente mais importante, mais existe a técnica e a política que constitui os partidos políticos e estes, segundo também se afirma com grande convicção, são à base da democracia.

Mas, enfim, aceitando, como não pode deixar de serem as decisões soberanas tomadas pelas donas de casas, agricultores, comerciantes, jovens, estudantes, profissionais liberais, funcionários públicos, professores, os partidos políticos, esperamos que seja uma decisão acertada no que diz respeito a uma nova ordem política brasileira ao nível que o Brasil merece.

Lamento que assim seja que se tenha vindo a tornar a nossa realidade. Assumindo que a responsabilidade também é nossa pela não participação efetiva, resta-me esperar que os políticos, todos eles, percebam que se lhes impõe trabalhar arduamente para procurar impedir que as consequências possam vir a serem as que Platão intemporalmente descrevia como sendo inevitáveis.

*Daniel Torres é ex-secretário de Meio Ambiente de Ipubí e Pai do ex-prefeito João Marcos Siqueira Torres

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